Fora sou um, dentro sou outro.

Em qualquer dos níveis governamentais, tanto municipal, estadual ou federal, é comum a quem está fora do poder criticar os seus governantes. O mais radical dos oposicionistas, ao chegar lá, irmana-se a quem antes lhe atirava pedras.

Já vi esse filme também na iniciativa privada, quando alguém estando apenas a um degrau abaixo na escala hierárquica critica o seu superior. Ao ascender a essa mesma posição, passa a adotar o mesmo procedimento, achando normais os atos antes criticados. Infelizmente isto ocorre em qualquer atividade humana, assim como o aluno em relação ao professor, quando mais tarde vai exercer a mesma função.

E o filho em relação ao pai? Quantas vezes achamos que o nosso pai nos negou algo que poderia nos dar? Depois que nos tornamos pais, reconhecemos que nem tudo que o filho deseja, devemos dar-lhe. Até por uma questão de disciplina, temos de mostrar-lhe as limitações. Não é somente uma questão de poder, no sentido econômico.

Vi muitos filhos prejudicados por não lhes terem negado nada, de maneira que eles não aprenderam a andar com os seus próprios pés. Ao perderem os pais, por uma questão natural de vida, ficaram desamparados por não terem construído o seu próprio caminho.

Assim, defendo a posição de que, ao invés de somente criticarmos aqueles que já chegaram lá, batalhemos também para ocuparmos o mesmo espaço. Aí então vamos entender a razão por que eles agem dessa ou daquela maneira.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 21/06/2009
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