PARA O BOM ALUNO, IMPORTA A NOTA? (O saber é prazeroso, mas o aprender e doloroso!)
Claudeci Ferreira de Andrade
Seria difícil imaginar os processos educacionais sem a nota, não há nada na escola, para o aluno, que não tenha como incentivo uns “pontinhos” na média: é na gincana, na arrecadação de material de limpeza, na arrumação das cadeiras, na boa frequência, por trazer um prato típico nas feiras culturais, por trazer a mãe para reunião, por trazer o livro didático todos os dias, andar uniformizado, conservar a limpeza do prédio escolar. Enfim, tudo vale nota! A final, estou querendo compreender o poder do suborno na educação. Mas, já estou certo que pensar de outra forma é cavar o próprio fracasso com as mãos.
Contudo, valorizar a nota mais que o aprendizado implica em alguns riscos muito reais. Considere, por exemplo, o que acontece quando a escola premia os alunos de notas elevadas com o direito de participar dos jogos da escola e deixa fora os que têm notas baixas. Haverá provavelmente duas séries distintas de sentimentos nada invejáveis: Os que têm notas baixas se sentirão fracos, sem direitos, lesados, como podem manter a cabeça erguida na presença dos que se divertem? Sentem-se embaraçados, acachapados e disfarçam com agressões ou apatia extrema. Seja por isso, talvez, que muitos não "descem" para quadra de esporte! Os que têm notas altas também correm o risco de certos sentimentos. Podem estar tão felizes que não importam mais os estudos, têm que dividir o tempo, de agora em diante usará de todos os subterfúgios, menos estudar para aprender, mas sim para adquirir notas, o que importa é nota. Sentem-se aliviados porque carregam uma boa máscara!
Este relacionamento provoca algumas desavenças, intimidações e fuga. E até brigas, visto que eles muitas vezes não conseguem conter o espírito quente diante das “gozações”.
Se estudando e aprendendo fosse a única forma de obter notas boas, eu o louvaria, mas não o é, então eu questiono. Por que não inventar algo para os abomináveis alunos de notas baixas, para que eles permaneçam na escola, torcendo pelos os bons na hora do lazer? Dê-lhes mais nota, talvez na próxima seleção eles sejam os artistas da ficção!
Como ainda falar de uma escola inclusiva, se no seu bojo de metodologias esconde-se o princípio da provocação e da desigualdade? Diz um programa da UNESCO: “Foi em 1989, alguns meses antes da queda do muro de Berlim, durante o Congresso Internacional para a Paz na Mente dos Homens, em Yamassoukro (Costa do Marfim), que, pela primeira vez, a noção de uma cultura de Paz foi expressa”. Então, vale a pena darmos continuidade, derrubando as barreiras que nos impedem saudar a cultura da paz na escola! Lembrando que a não-violência não quer dizer paz!
O saber é prazeroso, mas o aprender e doloroso! O cérebro do tolo dói e cansado procura atalhos.