OUTRA VEZ O SOL...
OUTRA VEZ O SOL...
Havia algo impassível em teu olhar: não sei se agonia ou marasmo de melancolia.
--- Vamos!... Levanta os teus olhos! Olha-me como um libertador que, com o amor nas mãos, acode para fazer-te sorrir... Não!... jamais penses na maldade! Nunca poderás tirar proveito disso! Encare as coisas como elas realmente são!... Um dia eu também me senti assim! O perdão incinera a mágoa, o ressentimento aniquila a alma. Pense comigo: a mão generosa ampara, o coração amigo aquece!... Venha!
Então ela se convence e levanta-se. A brisa é leve e perfumada. Seu vestido de um "voil" rosa, afigura-se-me desvanecer no ar, formando balões que, em rebeldia, rodam à sua volta. A mão, moreno-clara, se estende em minha direção e, de seu belo rosto, um sorriso de esperança brota em seus lábios.
---Assim! --- animo eu, --- agora estás pronta a conhecer a vitória de um revés. Espera e verás!
E nós saímos dali, caminhando juntinhos, comungando uma dor que nossas almas tão bem conheciam, e cujas marcas, doravante, poderíamos usufruir.
Do jardim colorido divisavam-se as últimas maretas do sol a perfurar o caramanchão, inundando-o de tênue luz.
Surgiria, dali, uma nova e feliz alvorada, saudada por aquele voto de confiança e renovada esperança.