ESQUERDISTAS DE APARTAMENTO E COBERTURA


Escrevi uma crônica (Não existe povo educado, existe povo disciplinado, com ou sem educação) sobre como é o controle organizacional nas cidades do primeiro mundo, no caso citei Frankfurt e Berlim, mas poderia ter citado Paris, Londres, ou sei lá, qualquer outra, pois o nível organizacional das metrópoles destes paises, principalmente os de ponta da Europa são similares. O que já não acontece em outras cidades em outros paises, do mesmo continente.

Este controle é feito para proteção, como ficou claro na crônica, dos transeuntes, para controlarem o fluxo do transito, monitorar eventuais atos prejudiciais à comunidade etc.

E ao ter sido favorável na crônica, à este controle organizacional, recebi algumas criticas que não achei cabiveis.

Teve pessoas comentando que, como é que eu tendo vivenciado o período da ditadura, possa ser a favor de um procedimento destes?

Como somos 'tupiniquins', ainda, e da minha parte tenho orgulho da minha terra, mas por sempre ter sido uma pessoa ‘escrachada’, considerei os argumentos ‘muito de caderninho’.

Qualquer pessoa tem o direito de expor o seu ponto de vista, mas tem que ter embasamento e procurar entender o que outro quis dizer no escrito.

Deu a impressão que só tinham lido o título da crônica, rsss

Em face disto e, em primeiro lugar, é muita falta de dicernimento comparar um monitoramento dos ambientes públicos, visando o bem da comunidade, com um período de ditadura, onde o controle não é para o bem público e sim para o bem de um regime.

Uma conotação totalmente diferente.

Foi citado que em situações como esta é que surgem os ‘Hitlers da vida’ rssss.

Outro comentário: ‘que os paises do primeiro mundo destruiram suas florestas e que também não são paises de proporções continentais, esquecendo que os Estados Unidos da América também o são, e que possuem a mesma idade que o nosso país e em convívio social, (não mais felizes), são muito mais desenvolvidos do que nós.

Não estou dizendo se são melhores ou piores, só estou dizendo que formaram uma sociedade mais organizada, nos direitos individuais dos seus cidadãos. É ou não é?
Um exemplo é a constituição deles e não este saco de retalhos que é a nossa. Nunca ouvi algum cidadão brasileiro dizer que tem orgulho da nossa, a não ser aquele senhor, como era o nome dele, ah, o Ulisses Guimarães, e se não me engano, o José Sarney, também, rsss

Mas na crônica eu não estava falando de paises e sim de cidades.

Também não quero defender estes paises da Europa, com relação ao meio ambiente, mas posso afirmar que na década de setenta fui membro da segunda associação de defesa da natureza do Paraná, então tenho um histórico, meio pequeninho, mas tenho, em defesa da natureza, que quem hoje a defende, na época nos achavam pessoas exóticas ou que ‘faziamos isto só para aparecer’.

Mas estávamos lá com a ‘APREFFA’, nunca gostei do nome, rsss, mas...
A primeira foi a ADEA, fundada pelo professor José Bigarella.

Bastante tempo depois virou moda ser conservacionista, o que foi bom, claro, mas aqueles dois pequenos grupos foram pioneiros no Paraná.

Digo isto para dizer que o período onde os europeus destruíram as suas matas ainda não se tinha tanto conhecimento dos benefícios da natureza e a conscientização que todos nós, incluindo eles, possuímos hoje, mas que quando acordaram para esta preocupação, pouco ainda poderia ser feito, já que a devastação, no caso deles, foi milenar e já não existia mata. 

Todos nos sabemos que não existe educação sem disciplina, então não existe povo educado que não tenha aprendido antes a disciplina e o respeito.

Eu me sinto lesado quando vejo um banco de praça quebrado, placas de trânsito derrubadas, latões de lixo virado, plásticos quando passam pelo rio que corre nos fundos da minha casa, cercas invadidas, prédios pichados, cinemas com porta-copos estragados.

E não são as pessoas mal instruídas que fazem todos estes atos. Estes não vão a cinemas. Há dois anos um pichador foi morto aqui em Curitiba e era filho de um dos mais renomados crônista da cidade.

Teve um comentário, sobre a minha crônica, da morte do jovem brasileiro, Jean Charles, em Londres, citando a 'selvageria' dos policiais ingleses. Como se no Brasil, mortes de cidadãos por policiais, não ocorresse semanalmente.
Só que aqui, de tão rotineiros, ninguém sai às ruas para reclamar.

Mas como foi morto em um país, ex colonizador, de primeira ponta, muitos saem à rua como se fosse um assunto de interesse nacional.
Confesso que não entendo todo este alvoroço.
Que me desculpem os familiares, mas confesso que considero só um caso familiar, já que ele não estava lá a serviço da nação.

O Brasil sempre gostou de cultuar mártires e de se sentir injustiçado.

No nosso Brasil quantos turistas estrangeiros são mortos, volta em meia, não necessariamente, por policiais, mas pelos nossos cidadãos, criminosos sim, mas membros da nossa sociedade, brasileiros também.

Os povos destes paises não ficam indo às ruas querendo declarar ‘guerra’ para ver, no fundo, se os familiares do morto ganham alguma indenização.

Os parentes não vão às ruas fazerem ‘barracos’ por causa disto.

Eu vejo isto como atuação de parte do povo que ainda se sente colonizado, mesmo inconsciente, e vive jogando a culpa das suas mazelas sempre para os outros.

‘Fora FMI’

Que ‘saco’. Ouvi isto durante dois terços da minha vida, mas como se viu, só foi só pagar, rss, que eles foram embora e agora somos até sócios, rss.

Viva o Lula, quer gostem, quer não, os preconceituosos sociais com canudo na mão, que se mordem de raiva por um torneiro mecânico estar governando o país. Eu morro de rir.

Ah, me desculpem, os com canudo rss, eu não tenho preconceito contra vocês, rss, pois também frequentei universidade e não foi vendendo pipoca, rss.

Isto me faz lembrar de um fato no bairro de classe média em que morei, quando jovem, mas que passamos a ter um vizinho, economicamente ilustre, o Cecílio de Rego Almeida, que veio acabar com o nosso campinho de peladas e comprou toda uma quadra e fechou até uma rua. Um dia um filho dele, com menos de dez anos, de cima do muro, atirou com uma espingardinha de chumbo, naquela época eram fracas, num piá lá da região. Claro que não foi legal o gesto do garoto, mas muitos conhecidos meus, e não eram poucos,também ficavam de cima dos barrancos jogando batatas podres nos carros e ônibus que passavam lá embaixo e nenhuma daquelas mães vinha reclamar do que eles viviam fazendo.

Não tinham dois pesos e duas medidas,

Mas naquele caso, contra aquele ‘pivetinho’, filho do ilustre vizinho, formou-se um turba querendo ir lá, na casa do homem, linchar o filho dele.

Formou-se um agrupamento, com o ‘Crucificai, crucificai’, esquecendo que se estava tratando só de uma criança, rica, mas só uma criança.

Se fosse um outro filho, de qualquer outro morador, não teria havido barraco nenhum, pois não daria 'ibope'.

Todos contra a riqueza, porque para nós, a riqueza é uma peste, porque nunca está do nosso lado, rss. Isto tem a ver com religião.

‘Fora FMI’ é coisa de caloteiro e de estudante que normalmente não tem dinheiro e também nem sabiam o que realmente era esse tal de FMI.
Só sabiam que era algo que tinha que ir embora, assim todos diziam para eles. rsss

E desonestidade nunca foi o melhor caminho para ninguém.

Atualmente quantos crimes já estão sendo resolvidos graças às câmeras na rua e em lugares estratégicos.

Recentemente um deputado daqui, que renunciou ao cargo em face disto, está sendo também processado por, graças às câmeras de um posto, ter sido filmado o acidente, onde o carro dele, a 190 km por hora, voou para cima de um outro veículo, matando os dois jovens que estavam no carro.

Os bancos, mesmo com câmeras, quantos assaltos estão tendo, roubando as máquinas de saques automáticos e tudo e outros tipos de estabelecimentos?

‘Sorria, você está sendo filmado’, já está tão comum nos nossos elevadores, na nossa vida que ainda existe alguém se sentindo invadido?

Recentemente, em Curitiba, foi gravada uma briga de transito, onde o pai do rapaz ficou no carro enquanto o seu filho ‘pit bull’ foi para cima de uma família, três mulheres e um pai, a socos e pontapés em plena rua.

Isto não tem que ser filmado? Este tipo de pessoas não tem que ser presa, incluindo o pai que ficou no carro?

Quem que andaria a 60 km por hora se as câmeras não começassem a filmar os veículos? E a maior parte de quem tem veículo neste país não são as pessoas, na maior parte, as mais esclarecidas, as com ‘educação’?

Então será que é só mesmo educação que resolve o nosso problema? Pobre, 'desonesto', que rouba é falta de educação, mas e os Jaders Barbalhos? Não tem um monte de rico, com canudo na mão, metendo a mão bonito? E ai, neste caso, o que é que falta? Educação ou vergonha na cara? E ainda possuem forum privilegiado e cadeia especial, mas vem cá, quem tem educação não tinha que dar o exemplo?

Eu depois dos ‘pardaizinhos’ do transito, ainda levei uns quatro anos para me acostumar!
Haja recursos para não perder a carteira, rsss
Já pagava até por ano para a empresa que recorria para mim, rss.

Ora, direito privado, trata-se de outra coisa, mas no espaço público tem que haver controle, e muito, para que os cidadãos decentes possam ser protegidos.

Misturar controle organizacional e social em áreas públicas, com ditadura?

Por favor, né?

Eu jovem naquele período da ditadura, pegar em armas para lutar por uma ‘ditadura de esquerda’? Só se fosse muito otário.
Mas nem morto, pois era isto que os nosso MR8, Coluna Prestes e outros queriam.

Freqüentei a universidade naqueles tempos e os alunos eram, na sua maior parte, uns alienados que não sabiam nada contra o que estavam protestando.
Eram só massa de manobra de socialistas profissionais.

ISSO NÃO ERA LUTAR POR ‘DEMOCRACIA E LIBERDADE’, POR FAVOR.

Os que pegaram em armas, matando inocentes, como na intentona comunista, assaltando bancos, fazendo seqüestros, né Gabeira, rss e outros episódios, eram subversivos e como só ‘cultuamos’ perdedores, agora aqueles grandes patriotas estão todos recebendo boas indenizações e salários para compensar a perda de não terem nos levado para as mãos do Stalin. Pode?
Cony que tambem o diga, é não?

Contra o comunismo, pegar em armas nem pensar, pois não daria  tempo. Lá quem respirava errado, já ia para o paredão. É ou não é comandante? Então se alguém aqui no Brasil morreu ou pôs a familia em risco por causa desta ideologia sabia o risco que estava correndo.

Mas não me venham agora dizer que eles foram vítimas da ditadura.
Eles simplesmente perderam uma revolução em que defendiam aquilo que consideravam certos, mas não estavam, nunca, com, talvez, raras exceções, defedendo a democracia.

Se estivessem lutando pela democracia não teriam ido para Cuba nem para a União Soviética para serem treinados.

E não adianta Cuba colocar a culpa nos embargos americanos, pois depois do ocorrido, cheios de mísseis soviéticos apontados para eles, qualquer país faria a mesma coisa.

Ou você vai continuar tratando bem o teu vizinho que quis te arrebentar?
Faz muito tempo que não vivemos mais o tempo dos bons samaritanos, não é mesmo?

Ditador é ditador, não há romantismo! Ah, ops, para os nossos Chicos de olhos verdes, existem. E não é preconceito contra olhos verdes, pois os meus também são, rsss, mas não tão bonitos, claro.

Nós, eu e meus amigos, lutávamos por liberdade, simplesmente, em cada vez que nos reuníamos para bater bons papos nas esquinas, e isto era todo dia, ou em qualquer outro lugar para fazermos as nossas festas

Andei de camburão umas cinco vezes até completar vinte e um anos de idade, mas não era por nada contra o patrimônio de ninguém ou porque tivéssemos usado de violência contra alguém ou porque tivéssemos agido contra a ditadura.

Era porque aprontávamos mesmo e não vivíamos nos escondendo no meio da turba colegial e também nunca precisei chamar os meus pais para resolverem os meus problemas. De uma forma ou de outra a gente sempre se safava. 

Nós tínhamos mais o que viver e a revolução que participamos estava acontecendo na cabeça e no íntimo de muitos jovens pelo mundo afora e que veio prevalecer no final, que foi o rompimento da ‘caretice’ que se vivia até então e onde ocorreu, principalmente, a emancipação da mulher e que provocou a do homem também, pois ele teve que aprender a conviver, também, com aquela nova mulher, que até então só servia para lavar roupa, ter um marido para dizer seu, e que na realidade nem era, pois mesmo assim ela tinha que agüentar as amantes dele, sem falar nada e ter uma prole para mostrar para a sociedade e para a catequese no domingo.

A caretice era total, tanto na ditadura de direita, tanto e pior ainda, na de esquerda, quem nem rock se podia escutar, rss. Imagine? rss.

Foi porque exercitávamos, e muito, a liberdade de poder viver da nossa forma e não era qualquer ditadurazinha que ia nos impedir de viver do nosso jeito, de fazermos as nossas festas.

Nós não lutávamos por liberdade.

Nós a vivíamos e a respirávamos, independente de quem estivesse no poder, para nós tanto fazia. Nós éramos jovens e ousados e a nossa liberdade, ninguém, nunca, iria conseguia tirar.

Cadê os caras pintadas de hoje?
Acabou o FMI. Desmanchou-se os paises comunistas e aí acabou também as suas bandeiras, porque?

Porque não tem mais ninguém por traz os insuflando. Esta é que é a verdade.

Na véspera da ditadura de sessenta e quatro vivia-se um clima mais ou menos igual ao de hoje, com uma câmara e um senado totalmente corrupto e um clima social de total baderna que acabou levando à ditadura, e quanto a isto, hoje, não vejo ninguém estar indo às ruas pedindo por mudanças.

Sabe por que? Porque o nosso povo sempre foi pacifico, mesmo na ditadura. (A própria ditadura caiu de madura e não por influência de ninguém, pois já estava enfraquecida e na UTI) e acabou a divisão do mundo em duas facções e, sem poderem levar vantagem, nem chegarem ao poder, a 'ex mentalidade stalinista 'altruística' de plantão, ou ficou em casa vendo televisão, ou se elegeram para poderem se locupletarem, né Jenuino.

Bem que eu gostaria de participar, civilizadamente, de algo contra o que aí está, mas isto teria que fazer parte de algo organizado, que poderia, muito bem, partir das nossas principais universidades, mas o que estão fazendo as nossas cabeças pensantes? Nada.

Por isto não me falem de falta de liberdade, pois para mim ela nunca faltou.

E, alias, sempre a vivi intensamente, com dinheiro ou sem dinheiro, e este é um dos motivos de que nunca desejei, conscientemente, rsss, ter filhos, pois sempre gostei da idéia de poder pegar o meu paletó e ir embora à hora que achasse conveniente, ou, se quisesse mandar às 'cucuias' um eventual emprego, ou se, de repente, precisasse ir morar embaixo de uma ponte. Ora, na vida, nos devemos estar preparados para tudo e isto faz parte da liberdade.

Sinto-me livre, gosto do mundo e de todos e, neste sentido, sou muito feliz, mas não me falem de falta de liberdade.
 
Esta eu nunca conheci.

Ah, opa. Eu não tenho nada contra quem mora em apartamentos rsss, pois parte da semana também moro em um, mas nunca vou ter cobertura, pois não gosto de subir escadas, se um dia faltar a luz.

'O ser humano que não é livre interiormente será um eterno escravo mesmo sendo um rei' Abdruschin


‘Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo’ Roselis Von Sass – graal.org.br
HAMILTON SERPA
Enviado por HAMILTON SERPA em 20/06/2009
Reeditado em 26/06/2009
Código do texto: T1659190
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