A intimidade não permitida

A intimidade não permitida

Mª Gomes da Almeida

Algumas pessoas que vão a um velório, vão porque são amigas do falecido ou de sua família, outros vão por pura curiosidade. Para ver como estão se comportando aquelas que perderam um ente querido.

A impressão que se tem que alguns até gostam de velórios: exagero meu? Pode ser mais reflita comigo...

Lá se encontra pessoas que muito não se via.

As pessoas passam horas a fio colocando o papo em dia, algumas dão gargalhadas sem demonstrar o mínimo respeito àqueles que estão enlutados.

Outros por sua vez se põem a lembrar as boas ações do falecido e surgem aqueles comentários do tipo...

“ _Nossa parece que ta dormindo!”

Ou mesmo:

_Poxa como ta diferente! Nem parece com ele!”

Será que pensam que esses comentários aliviam de alguma forma a dor de que perdeu alguém que ama?

Alguns vão ao velório e circulam pela casa. Sem o menor constrangimento, vão aos quartos onde alguém se consome pela dor.

Vão à cozinha, abre e fecha a geladeira...

Percorrem os ambientes daquela casa como se estivessem na sua própria.

A família enlutada mesmo a contra gosta se obriga a não serem grosseiras e permitem essa invasão, permitem até porque não estão em condições sequer de observar tais comportamentos.

A dor, a saudade e a partida não lhes permitem ver nada além de tamanha dor que os roubam até mesmo das suas moradas.

Existem ainda aqueles que são capazes de pergunta como você está?

É possível indagar a quem está consumido por sua dor. “Como está?”

É obvio, é evidente e tão nítido.

Farrapo humano, espedaçado, machucado. Assim está quem está enlutado.

Em um velório não existe, porém necessidade alguma de dizer coisas, de fazer coisas.

O silencio basta! O silencio diz tudo!

Maria Gomes de Almeida
Enviado por Maria Gomes de Almeida em 20/06/2009
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