Ela não envelhece
Ela não envelhece
Mª Gomes de Almeida
Observando a muito estou a situação de uma amiga que perdeu o grande amor de sua vida a pouco para outra mulher. Fiquei a refletir sobre a máxima da vida: tudo nasce, cresce, envelhece e morre. Certo? Essa é a lei da natureza.
O coração (órgão vital para o corpo e segundo os amantes vital também para o amor) morre!
Ele fica cansado, crescido, oco, inchado, doente e não demora morre.
E a emoção? É essa mesma, essa que fez e faz o coração seja ele jovem, velho, doente, saudável, bater descompassadamente e nos deixar ofegante. Ela não segue o mesmo curso da vida? A minha amiga e tantas outras pessoas que tem seu coração partido, às vezes afundam, na dor, no sofrimento do amor que chegou sem se anunciar e partiu da mesma forma, si-len-ci-o-sa-men-te... Silêncio que só é quebrado pelas lágrimas que teimam em rolar.
A emoção não envelhece! E será que ela morre?
O Wallon* diz o seguinte: “a razão nasce da emoção e vive da sua morte” para explicar os progressos psíquicos que o ser humano faz na tentativa de crescer emocionalmente.
E nós adultos será que conseguimos?
Quando muitos de nós vez ou outra dizemos aos quatros ventos sermos donos da razão, o que temos feito para termos o total ou parcial controle da emoção?
Quando a dor do amor bate em nossa porta, esperneamos, choramingamos, reclamos. E ela nada de ir embora. Aí concluímos então: Amores se vão, amores vêm, alguns com a mesma intensidade outros nem tanto, mas a emoção continua ali.
Ali onde? Desde quando? Por quê? Para quê?
Como somos fracos e frágeis diante do poder do amor, do poder que ele é capaz de exercer sobre nós maiores de idade, “vacinados e carimbados”.
É a vida com seus encantos. E somos nós que tropeçamos onde deveríamos simplesmente flutuar, viver, viver e viver...