De recessão, tudo de recessão!

O Brasil está nadando em uma recessão que jamais foi esperada, até porque estávamos vivendo um crescimento entre cinco e seis por cento ao ano. Tudo parecia perfeito e ajustado até que o mundo rico entrou em colapso e nos afetou indesejavelmente. Esse é um fato real. O mundo todo está sendo atingido de forma e intensidade diferentes. O jogo é para todos.

É uma baita tolice querer tampar o sol com uma peneira ou acreditar na marola moleca do discurso do Presidente Lula. Fazer o quê? E entre lágrimas e sorrisos, as coisas estão caminhando para uma nova reestruturação da economia mundial.

É vero! A recessão chegou e se estabeleceu mesmo. Seus números mensais ou mesmo os anualizados mostram os valores dela. Os anualizados são um tanto desconsertantes. O retrocesso da economia no primeiro trimestre deste ano de 2009 é deveras ruim. Chegou ao valor de 0,8 por cento Esse discursozinho marolesco é impublicável e merece mesmo ser esquecido, até porque ele é viciante para os preguiçosos e confortados. Há uma crise séria que, felizmente, mostra sinais de acomodação. Estuda-se uma vacina efetiva. Puseram os números em um novíssimo laboratório mundial e devemos esperar que dele saia a vacina eficiente para o mal visível.

Marola à parte, devemos saber que há um imenso hiato entre o discurso e a prática econômica. Falar é até menos complicado do que fazer. Talvez, quem sabe mesmo, o Presidente Lula não teve a intenção com a sua marolinha de esfriar o grito dessa crise no que tange aos nossos números particulares? Pensando assim, ela, a marolinha, amiúda-se ainda mais. Torna-se venial.

Às vezes a sensação que fica entre nós é a de que as economias mundiais mais se parecem com geleias frenéticas que, a qualquer movimento ríspido dos números internacionais, se esfacelam. Isso dá medo. Essa tal globalização não oferece imunidade a nenhuma delas. É um rolo compressor terrível que, quando decide passar por cima de alguém, passa mesmo e acabou-se. Eu acho que, depois dessa crise de agora, as regras para seu controle ficarão mais claras. Tomara mesmo. Afinal, o consumidor é o que mais sofre, desde o desemprego até a subtração de outros direitos tão úteis.

E como acerto puxa acerto, recentemente, em nove de junho de 2009, o Conselho Nacional de Justiça, e diga-se, com atraso, tomou decisão que anda retirando o sono dos donos de cartórios país afora. Não é para menos. Essa turma vem ditando as suas próprias regras de trabalho, ou quase isso. Aprovou uma determinação que obrigará a mais de cinco mil deles fazerem concurso público para se habilitarem novamente ou não ao exercício de suas práticas. A Constituição de 1988 já instituía isso e não era cumprido. Se é lei, deve ser cumprido mesmo. Nada de proteção cartorial para essa gente ou quaisquer outras. Os titulares dos cartórios civis deverão queimar as pestanas e fazer o concurso requerido pelo Conselho Nacional de Justiça. É uma questão de justiça, apenas isso.

Esse é um mal. O outro mais recente que muito nos tem incomodado é esta leseira da base aliada em continuar dificultando o início dos trabalhos da CPI da Petrobrás. Neste país, em se plantando, tudo dá, conforme Caminha avisara a El rei de Portugal, até esconder dos olhos dos comuns o que os selecionados fazem na surdina da ilegalidade. Tempos novos há que não nos permitem ver e calar sobre essas faltas. O mundo mudou e nós, juntos com ele. Repito: crises estão sendo geradas dentro de outras crises e isso fica mais sério ainda. Eita paiszinho tão cheio de coisas diferentes!