Uma só coisa é necessária
Nestes tempos malucos de crise do inabalável capitalismo, de quebra da antes tão admirada General Motors (GM) e da desmoralização de grandes bancos internacionais, ficamos meio perdidos, sem saber o que vai ser de nós.
Será que outro mundo é possível? Ficamos pensando. Será que conseguiremos deixar de lado o consumismo, o lucro e a vida de prazeres? Nós até paramos pra pensar. Sinceramente. Mas no fundo mesmo achamos que não é com a gente. São sempre os outros. Eles é que são os consumistas, os ambiciosos e os hedonistas. Nós, não. Nunca. Somos uns santos. No máximo, as vítimas do sistema.
Estamos preocupados com os nossos empregos. Com a nossa família. Com o futuro de nossos filhos. Eu, eu e eu. E o mundo? E as florestas? E os bichos? Não tenho tempo de pensar tão grande. Deixo estes assuntos importantes para os outros. Afinal, são eles os culpados. Fixo os olhos no meu umbigo e vou à luta por meus sonhos.
No meio da confusão destes pensamentos, ora egoístas, ora fraternos, ora por aqui, ora pelo mundo todo, ligo a televisão. Os comerciais falam do Dia dos Namorados, na tentativa desesperada de nos fisgar. Afinal, como diz o poeta: “no nosso peito, bate um alvo muito fácil”. Mundo capitalista do cão! Este aqui vocês não pegam! Desligo a TV, bato firme no peito e vou dar uma volta por aí.
No caminho, mudo de reflexão: o que é o amor? E nesta mistura de pensamentos, ela me vem à cabeça: devagar, sorridente, despretensiosa. Deixo os problemas, o futuro e o mundo de lado. Um sorriso discreto me vem aos lábios. Meu coração bate acelerado. Meus olhos brilham. Uma corrente de gostosa energia atravessa o meu corpo. Corro e compro uma rosa. Acho que a pergunta foi respondida. Basta de angústia! Uma só coisa é necessária: o amor.