Sem ela...
(Devaneio)
Um velho amigo me telefonou pra me dizer que seu amor se fora. E sem maiores delongas, contou-me como tudo acontecera, bem na hora do crepúsculo...
Notando-o visivelmente desolado, tentei reanimá-lo. Gastei todo o meu latim na tentativa de fazê-lo compreender que o mundo não acabara nem pra ele nem pra ela. Mas ele insistia naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Sentindo que meus argumentos não estavam valendo para tirá-lo daquela repentina fossa, apelei para o conhecido dito popular segundo o qual a dor pela perda de um amor só se cura arranjando outro amor.
E ele, a queima roupa: "Ah! mas igual a ela...", insistindo naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Era quase noite de um lindo dia de outono.
Convidei-o, então, para uns tragos, e ele aceitou. Num copo de cerveja - sua bebida predileta - ele, quem sabe, afogaria de vez sua saudade. Mas isso não aconteceu: ele tomou todas, e continuou insistindo naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Sabia que ele gostava de bons poetas. Com cuidado, dirigi nosso papo pro mundo da poesia.
Recordamos belos sonetos e alguns dos mais bonitos poemas do Patativa do Assaré.
Mas ele, entre um verso e outro, insistia naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Pedi ao dono do bar pra botar boleros.
E o meu amigo, do alto de sua fossa, opinou: "Pode ser Bésame Mucho, com Andrea Bocelli."
Era querer demais. Não tinha o Bocelli, mas tinha o Roberto. Em silencio, ele escutou uma canção que dizia: "Onde você estiver não se esqueça de mim..."
Se a canção lhe disse alguma coisa, eu não sei. O fato é que, com maior ênfase, entre um acorde e outro, ele insistia naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
De repente ele tirou do bolso um retratinho dela; o único que disse possuir.
E apontando o seu sorriso, ressaltou a disponibilidade do seu gesto, numa pose indiana.
Tomamos o último trago, e aí entendi por que o amigo insistia tanto em dizer que...
"sem ela será difícil viver!"
(Devaneio)
Um velho amigo me telefonou pra me dizer que seu amor se fora. E sem maiores delongas, contou-me como tudo acontecera, bem na hora do crepúsculo...
Notando-o visivelmente desolado, tentei reanimá-lo. Gastei todo o meu latim na tentativa de fazê-lo compreender que o mundo não acabara nem pra ele nem pra ela. Mas ele insistia naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Sentindo que meus argumentos não estavam valendo para tirá-lo daquela repentina fossa, apelei para o conhecido dito popular segundo o qual a dor pela perda de um amor só se cura arranjando outro amor.
E ele, a queima roupa: "Ah! mas igual a ela...", insistindo naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Era quase noite de um lindo dia de outono.
Convidei-o, então, para uns tragos, e ele aceitou. Num copo de cerveja - sua bebida predileta - ele, quem sabe, afogaria de vez sua saudade. Mas isso não aconteceu: ele tomou todas, e continuou insistindo naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Sabia que ele gostava de bons poetas. Com cuidado, dirigi nosso papo pro mundo da poesia.
Recordamos belos sonetos e alguns dos mais bonitos poemas do Patativa do Assaré.
Mas ele, entre um verso e outro, insistia naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
Pedi ao dono do bar pra botar boleros.
E o meu amigo, do alto de sua fossa, opinou: "Pode ser Bésame Mucho, com Andrea Bocelli."
Era querer demais. Não tinha o Bocelli, mas tinha o Roberto. Em silencio, ele escutou uma canção que dizia: "Onde você estiver não se esqueça de mim..."
Se a canção lhe disse alguma coisa, eu não sei. O fato é que, com maior ênfase, entre um acorde e outro, ele insistia naquela de que...
"sem ela será difícil viver!"
De repente ele tirou do bolso um retratinho dela; o único que disse possuir.
E apontando o seu sorriso, ressaltou a disponibilidade do seu gesto, numa pose indiana.
Tomamos o último trago, e aí entendi por que o amigo insistia tanto em dizer que...
"sem ela será difícil viver!"