Sossego no Parque?

O Parque da Água Branca*, em São Paulo, faz parte da minha vida. Eu morei por muitos e muitos anos (e põe muitos aí, uns quarenta!) ali pertinho. Desde pequena o frequentava. Corria, brincava, gostava de ver os peixinhos e as araras. Depois, já adolescente, veio a fase de levar meu irmãozinho pra andar de bicicleta, olhar os cavalos e as vaquinhas (não, vaconas premiadas) e empurrá-lo no balanço. A Ana, uma grande amiga, sempre me acompanhava e nós duas também nos divertíamos no balanço. Até o dia em que o guardinha veio nos repreender: mocinhas, isso aí é só pra criança!

Além das exposições de gado, havia lá de vez em quando exposição de flores. Uma beleza! E tinha também aos sábados de manhã, se não me engano, uma feira de verduras, legumes e frutas, que mamãe gostava muito. Quase todo domingo era dia de evento. Nossa rua ficava entupida de carros estacionados e lá de dentro de casa ouvíamos as músicas e o falatório amplificados.

Depois houve uma época em que o Parque andou meio esquecido, abandonado. Foi justamente quando meus filhos eram pequenos e eu até gostava. Podia passear tranqüilamente com eles, sem aquela aflição de perder criança no meio da multidão. Em outros momentos eu aproveitava também para fazer caminhadas matinais, quase solitária, por entre as alamedas.

Mas não acabou por aí. Um dia as autoridades acordaram. Reformaram os prédios e revitalizaram o espaço. Então, caminhar ali de manhãzinha deixou de ser tão agradável, era preciso me cuidar para não dar trombadas. Por outro lado, ficou interessante, pela variedade de pessoas que eu via: grupos de sorridentes senhoras em seus joggins coloridos, bufantes e já meio barrigudos senhores de cabelos grisalhos, saltitantes e esbeltas mocinhas exibindo beleza e destreza em velozes passos de corrida...

E até rapazes de terno e gravata, moças elegantíssimas de salto agulha e estudantes com cara de sono passavam por ali. É que o Parque serve de atalho entre a estação do metrô e o lado comercial do bairro das Perdizes, mais lá para o alto, onde também se encontram além de escritórios, vários colégios e universidades.

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*Oficialmente ele se chama Parque Fernando Costa