17 - NAQUELA ÉPOCA...

17 - NAQUELA ÉPOCA...

Figura da internet

Quando a igrejinha do Bairro Campestre ainda era uma construção solitária.

Ficar por ali no entorno da igreja, ou sentado na escadaria da frente sozinho ou jogando conversa fora com amigos era normal, mais que isso, era um programa.

Ficar olhando para o pico do Cauê, Mata de São José, Pitangueiras, Jacutinga e Campo do Valeriodoce sempre nos remetia a algum assunto. A paisagem estava ali ao alcance da sua vista.

Imaginar que você um dia estaria naqueles locais de trabalho.

Era só uma questão de tempo!

E, não era só ir trabalhar na Cia. Vale do Rio Doce.

Já dava para pensar em jogar futebol, se não no time do Valério, ainda não tinha futebol Juvenil, pelo menos em alguma atividade ligada aos esportes. Era mais um sonho!

O máximo que se conseguia era: Se um dos meninos começava a se destacar poderia ser chamado pelos muitos olheiros para um dia treinar no time principal.

Olhando das laterais da Igreja avistava-se a Penha, Matriz do Rosário, o Pará. Lá pras bandas da Caixa D’água da Rua Nossa Senhora do Carmo, avistava-se o campinho do Garajau e a Serra do Esmeril – Areão nem existia quanto mais outros núcleos urbanos. Época da Itabira do Mato Dentro ou dentro do mato.

Dava para ver a Maria Fumaça se deslocando para o carregamento de minério, a melhor visão era quando ela resfolegando, soltando um canudo de fumaça preta e muitas fagulhas que ameaçavam tocar fogo no mato.

O foguista tinha que meter carvão e lenha na caldeira para a máquina conseguir vencer a subida até a área do carregamento.

O maquinista apitava avisando aos incautos que saíssem da linha.

A melhor visão da Maria fumaça era quando ela passava próximo da “Vila Purgantes”. Não me perguntem por que do nome da Vila, não sei o motivo deste e nem diria mesmo que soubesse,... Nem a pau Juvenal!!!

Ligeira abstração... Era comum as pessoas incorporarem o nome do lugar em moravam ou nasceram à recíproca também é verdadeira. “Tal como comentara lá na República dos Zes...”

O terreno ao lado da Igrejinha do bairro do lado esquerdo era usado para montagem de Circos e Parques.

Dos muitos que já passaram por aqui “O Circo Nerino” deixou saudades, eram animais nas jaulas, lutas programadas no estilo Greco-romano e peças de teatro assim, anunciadas:

- Respeitáaaaavel público. “O gran Circo Nerino” orgulhosamente apresenta: As tranças do Rei Careca.

É claro que não era esse o nome da peça, ainda que fosse alguma comédia teatro ali era levado a sério.

Falei nas tranças do rei careca como uma homenagem ao senhor Bernardo Gonçalves que não perdia um espetáculo, sempre lá estava com seu indefectível guarda-chuva, também, nos jogos do Valeriodoce, do juvenil do Campestre, Guarani e Brasileirinho não perdia de jeito nenhum.

Pelas ruas do Bairro a “troupe” com seus carros, palhaços, anões e malabaristas, cantavam:

- Hoje tem marmelada?

- Tem sim Senhor...

Bom tomar cuidado com o palhaço Pirulito, pois, o palhaço que era: - É ladrão de mulher.

Brincadeiras à parte: Se você levasse um cachorro ou gato para alimentar os animais tinha ingressos garantidos.

Nesta época na havia nenhum serviço de proteção aos animais era um salvem-se quem puder! Os caçadores no bairro Campestre e adjacências mantinham seus cachorros sob coleira para que eles não virassem comida para os Leões, até os cabritos se estivessem dando sopa desapareciam.

Tantas vezes o Circo esteve em Itabira que o velho Nerino, acabou ficando aqui de vez. – “Bateu as botas” e está plantado lá no Cemitério do cruzeiro, sob a sombra da grande cruz.

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 19/06/2009
Reeditado em 30/10/2010
Código do texto: T1656994