CRÔNICA
Estou no final do outono e morando aqui em Peruíbe, baixada santista, faz frio. Não é algo insuportável diria até mesmo que é gostoso. De onde vim, Brasília, era quente e seco na maior parte do ano, dava prazer um friozinho. Era bom de mais. Chuva então nem se fala. Lá, nariz sangrava com freqüência de tanta secura. Certa vez quando me ausentei por um bom tempo, pois estava em Maceió, no meu retorno assim que me aproximei da porta do avião para descer as escadas por segundos recuei, a aeromoça espantada com minha reação colocou a mão imediatamente nas minhas costas para impedir ou socorrer-me de algum imprevisto ou mal súbito. Atenciosamente me inquiriu se eu estava bem. Levantei a mão em direção a porta e disse-lhe que alguma coisa me impedia de respirar. Ela prontamente alertou-me que a umidade do ar estava baixíssima e por isso a sensação de asfixia.
Entendi e retornei a escada. Caminhei até o aeroporto com aquela sensação de falta de ar terrível por sinal. Logo depois soube que ela estava perto a do deserto do Saara, vejam só. Impressionante marca de quatorze por cento. Sair de uma região costeira e ir para o centro oeste no fim do inverno e inicio da primavera exige uma adaptação que é complicada. Vai depender de um grande esforço pessoal.
A capital federal tem sua magia. Tamanha complexidade de suas peculiaridades sociais. Acho que uma das mais marcantes são os espaços a serem percorridos para acessar qualquer coisa, desde uma simples padaria ou ate mesmo um hospital. Já que tudo é setorizado. E agora com o caos do inchaço populacional, imprevisível por seus arquitetos há cinqüenta anos, debelado por uma política ferrenha e eleitoreira de loteamento das terras publicas inclusive dos mananciais. Tornou a vida nem tão reflexiva assim.
Ficou para traz essa secura, calor, vida. Nos meus caminhos agora o mar enchendo os olhos com esse horizonte maravilhoso e meus pulmões com essa brisa refrescante.
DiMiTRi
18/06/09 16:37