Em Busca de Respostas
Já notaram como vivemos em busca de respostas para tudo nesta vida e fora dela também? Queremos saber de tudo que está ao nosso alcance ou não, como é o caso das Ciências. Isto vem a calhar com os noticiários sobre o acidente do Vôo da Air France, acontecido algumas semanas atrás. O assunto neste caso é a prioridade de achar as peças do avião que oferecerão as evidencias sobre o ocorrido. Sim, ocorrido, passado, pois não suportamos o desconhecido e os imprevistos e a teoria se respalda no fato de se saber hoje para evitar amanhã outros acidentes e desastres. Isto não deixa de ter sua validade, mas no fundo lamentamos as perdas pela idéia do fracasso, de não terem superado a própria engenharia, a própria tecnologia ultramoderna. E aí fica a pergunta: O que deu errado, onde está a falha? E a resposta segundo acredita-se está nos destroços daquela aeronave falida e perdida naquela imensidão de águas salgadas e revoltas.
A inteligência humana é algo espetacular, a perspicácia também, mas temos os limites, temos uma parcela dentro de nós mesmos e fora também que faz parte do além de, do acima das próprias forças da natureza humana. Com isto quero dizer que não se pode desprezar a idéia de um Criador sobre tudo que ai está. A idéia de um SER que existe num Tempo e num Formato só Dele e nós mortais imaginamos poder alcançar o patamar da superioridade com nossos inventos, descobertas e buscas incessantes sobre a verdade das cosias do Universo. Esquecemos por deveras vezes que tudo que descobrimos são fatos e nunca a origem das coisas, que com certeza absoluta pertence ao Criador e a nós apenas segmentos destas verdades. Sabemos do funcionamento do corpo humano com suas enzimas, plaquetas, glóbulos brancos e vermelhos, hormônios, etc, etc., mas nunca o que originou tudo isto e nem de onde veio. Temos as teorias evolucionistas, mas nem sempre conseguimos afirmar com certezas as origens da vida. E isto é belo de pensar, mesmo que nos traga ansiedades, medos e uma certeza de boas parcelas da ignorância sobre a vida e a morte. Sabemos como morremos, mas não sabemos nem quando, nem como vamos morrer e nem muito menos para onde seguimos após a morte.
Os desejos humanos são sentimentos ideativos supra dimensionados para o alem das necessidades e é por causa desta busca pela satisfação dos desejos, que vivemos em falta conosco e tudo que está a nossa volta. E mais, vivemos sempre em busca de algo que nem sempre sabemos o que é, mas queremos estudar, descobrir e dominar para nossa satisfação e alivio, enfim, para nossa auto-realização. O sucesso é outro fator primado pela modernidade, quase não se concebe as idéias dos erros e dos fracassos, isto cai como uma bomba na cabeça da vitima e do algoz também.
Nesta tarefa de buscar as respostas a psicanálise é mister, porque prioriza durante o tratamento das pessoas a decodificação dos sintomas. A saber que todo sintoma é uma representação, é a expressão da dor ou de um sofrimento físico e ou mental. Então quando um cliente chega no consultório com uma queixa o primeiro passo será entender o motivo da aflição da pessoa e depois ir aos poucos decodificando a linguagem inserida em tais aflições, sintomas. É por isto que nem sempre a linguagem dos sintomas está clara e de fácil acesso ao tratamento e a investigação, porque o material latente muitas vezes está nebuloso, e guardado ou perdido em águas profundas da mente por defesas de alto nível para impedir mais sofrimento do que os próprios sintomas já causam. O que estamos dizendo é que há em cada um de nos um bom nível para suportar a dor e o sofrimento e só buscamos tratar e encontrar as respostas quando ultrapassamos estes níveis. Este é o caso do acidente do Vôo 447 da Air France e de muitos outros acidentes terríveis da historia, o desastre ultrapassou o nível da dor que se podia suportar, não foi um simples acidente imaginável e tolerável no âmbito tecnológico e humano, foi muito além disto, foi à falha do impensável, do imprevisível. Encontrar as respostas neste momento é encontrar a solução para os fatos, é a tentativa de corrigir erros futuros.
E assim durante todo o processo de nossa existência somos movidos pelos desejos, pelas necessidades e diante de tais realidades buscamos o amor, a felicidade, o sucesso e quando algo falha, não sai a contento para todas estas buscas, a frustração é certa e diante disto à tendência natural de todos os envolvidos será caminhar na direção da procura dos erros e recolher os destroços. Ao fim de tudo, quando se consegue montar o quebra cabeça, os pesquisadores serão capazes de olhar com clareza as evidencias dos fatos e espera-se que no futuro possam evitar outros acidentes ou desastres que como estes, despedaçam vidas e lançam uma nuvem obscura na fé e na esperança de cada uma das pessoas ou familiares envolvidos na dor da perda dos entes queridos. A nós cabemos lamentar tais desastres e perdas irreparáveis, mas a realidade é que a vida continua e com ela (a vida) seguem a fé e a esperança em dias melhores.
Graça Costa.
Amparo, 18/06/2009.