E a democracia? Como fica?

Absurdo.

Essa é a palavra que, entre tantas outras, define a decisão do STF em relação a não obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão de maneira legal.

Num país deficiente como o Brasil, é no mínimo revoltante que 40 anos de conquista tenham sido jogados no lixo. Além de ser um desrespeito imenso a memória daqueles que foram exilados, torturados e mortos lutando a favor da liberdade de imprensa e da regulamentarização do exercício da profissão, é também uma ofensa a todos da classe jornalística que dedicam anos de sua vida em prol da liberdade de expressão e da democracia, bem como os estudantes de jornalismo que estaão se esforçando em busca de seu sonho nas universidades do país, enfrentando todos os percalços inerentes à profissão e ao próprio o curso.

Ao invés de se preocupar em fazer votações direcionadas a estupidez da violência, o tráfico de dorgas, o desvio de dinheiro público e tantas outros problemas que deixam o Brasil na situação deplorável em que se encontra, os ministros - com seus diplomas intocáveis - desestimulam a educação no país alegando que qualquer pessoa sem formação pode ser jornalista. Compreende-se que porquanto um médico médico faz gosto de ter seu diploma reconhecido depois de estudar para sê-lo, o jornalista o faz da mesma maneira.

Não se pode deixar de ressaltar também o descaso do Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em fazer a infeliz comparação da profissão de jornalista a de um conzinheiro. Não é uma questão de desvalorização da profissão desta classe, mas sim o reconhecimento de uma profissão que é considera em muitos momentos como o 4º poder.

Nós, estudantes de jornalismo, estamos revoltados diante da votação que quase por unanimidade rebaixou e desvalorizou a profissão de jornalista. O Brasil está sofrendo um retrocesso e pode-se comparar aos tempos de ditadura. A esperança de um país melhor vai ficando cada vez mais distante da realidade do cidadão brasileiro.

O despropósito do Judiciário quanto a nossa classe precisa ser reivindicado através da união dos jornalistas junto a FENAJ numa grande mobilização social. Não é aceitável que 8 ministros vençam a voz de 80 mil jornalistas, 180 milhões de brasileiros.