No país do futebol
Brasileiro pára em época de Copa do Mundo. O país do futebol se pinta de verde-amarelo. O expediente encerra mais cedo, o funcionário público corre para casa apressado para ver o ponta pé inicial, e, se não der tempo, pára no primeiro botequim que vê pela frente, com um aparelho de tv cercado de gente.
Quando eu tinha seis anos, estava no barbeiro, num salão que era contíguo à minha casa, acho que foi durante o jogo Brasil e Uruguai, nas semifinais. Quando o Brasil fez a rede balançar, a euforia foi tanta, que o barbeiro experiente e zeloso beliscou minha orelha com a tesoura e por isso carrego uma pequena cicatriz até hoje. Também não é para menos, em dia de jogo da Seleção essas coisas acontecem.
Mas acho que Copa do Mundo é o grande momento de união nacional. Nunca vejo brasileiros tão unidos em outro momento que não seja esse. Não existem diferenças políticas, ideológicas, religiosas, raciais, enfim, todo mundo é simplesmente “brasileiro”. Ah, é um momento único de patriotismo também, um sentimento bastante escasso nos dias atuais. Por que será que todo mundo se emociona ao ouvir o Hino Nacional antes de iniciar a partida? O coração pulsa diferente e os olhos brilham mais nesse dia. Ah, é bom lembrar que este patriotismo frenético e extremado dura, para o brasileiro, enquanto a Seleção está bem e a vitória acontece. De qualquer forma, Copa do Mundo é um acontecimento. Pena que acontece de quatro em quatro anos, pois, definitivamente, brasileiro é movido a futebol.