A consulta com uma médica despreparada, em Goiânia.

A consulta com uma médica despreparada, em Goiânia.

(consulta médica, médica inexperiência, crônica, Goiânia, GYN)

Edú, meu filho caçula, estava curtindo as férias na casa do avô. Na rua em que o avô morava, havia uma turma grande de meninos da sua idade, com quem ele havia feito muitas amizades, nas férias anteriores.

Todo dia à tardinha, jogava golzinho com a turma, na rua, ou então, brincavam de luta, no monte de areia para construção, que estava depositado na calçada, numa casa em reforma.

Lá pelo final das férias, apareceu uma ferida no punho direito e na barriga, bem característico do chamado "bicho geográfico". Foi no médico do SUS da cidade e, ele disse que era um tipo de herpes.

O avô desconfiou, e o levou para a capital. Aí, eu tirei uma guias de consulta e o levei a uma médica do convênio, que constava na lista como especialista. Chegando no consultório, fiquei surpreso com a médica, que parecia uma menina, de tão nova.

Nos sentamos e, quando o pai expliquei o motivo da consulta, ela pediu que o menino deitasse na maca para verificar as feridas. Quando estendeu o braço, ela deu um passo atrás e, exclamou: "Nossa! O que é isso?" Eu, retruquei na bucha: "Doutora, o especialista por aqui, é a senhora!" E ela: "Credo, nunca vi isso!"... "Isso aí, são feridas causadas pelo chamado bichinho geográfico, doutora. Só vim aqui para a senhora medicar o menino. Se a senhora observar bem, vai ver a caminhozinho que o bichinho faz embaixo da pele...", disse eu, já bem desconfiado da especialização da médica. "E essas feridas aí, no centro?", insistiu ela, a dois passos de distância do paciente. E eu, muito decepcionado, respondi: "Isso aí, é a infecção que surgiu, em torno do lugar onde o bichinho escambou, doutora!..." E a doutora voltou para detrás da mesa, dizendo: "Vou pedir dois exames, pra identificar a infecção" e, agarrou logo o bloco de notas. Peguei a papelada contrariado, não disse mais nada e, fui embora com o filho, para não voltar mais ali.

Daí, resolvi levar o Edú a num hospital público especializado em doenças tropicais. Já fui levando até roupa, para o caso do filho ficar internado, já que a infecção tinha aumentado a área e o inchaço da ferida. Na recepção fui, as atendentes elogiaram o médico com quem o filho ia se consultar era a referência em doenças do tipo, para a região.

Assim que entramos na sala e cientificamos o médico das informações preliminares, ele levantou o braço do paciente, deu uma rápida olhadela e, disse a ele: "tava brincando na areia, hein, menino? O bichinho te pegou de surpresa! Mas, nós temos uma surpresa pra ele" e, piscou o olho, rindo para o Edú. Estendeu-me uma receita e, disse: "Compre os medicamentos e, faça ele tomar direitinho. Não precisa mais nada." Aliviado, mas ainda preocupado. "Não precisa mais nada; internar?". E ele, muito tranqüilo: "Mais nada."...

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No mundo profissional de hoje, existe o especialista (título e diploma na parede) e, aquele que se especializou com a dedicação, tenacidade e experiência (mas, não deixou de cuidar dos títulos, também). Quanta surpresa, com esse negócio de papel na parede...