SONHOS DE UMA CRIANÇA
Certo dia, cansado de ver tanta coisa fora do seu devido lugar, nesse plano terrestre onde as “criaturas grandes” mandam e desmandam, resolvi sair do estado cômodo onde me encontrava e fazer parte do grupo de certas criaturas que ali permaneciam em busca de uma luz que pudesse aclarar seus horizontes
Como vocês se recordam e eu me lembro muito bem, quando aqui cheguei, nesse universo dominado pelas “criaturas grandes”, eu era simplesmente uma “criança”, e como tal eu estava cheio de esperança.
Lembro-me também que antes de partir, percebi que pelo menos duas “criaturas grandes” me aguardavam com grande ansiedade. Tinham ar de criaturas espertas, tão espertalhonas que sem nenhuma consulta prévia escolheram meu nome, minhas vestes e até planejaram o que eu deveria ser assim que ficasse “criatura grande” também.
Devo confessar que tive muito medo de tudo aquilo que aquelas duas “criaturas grandes” falavam a respeito de seu mundo, até então desconhecido por mim.
Sem que elas percebessem, pude observar que bem ali perto de seu alcance, algumas “criaturas menores”, meio desamparadas, choravam famintas e tremiam de frio. Não havia nenhuma “criatura grande” disposta a lhes dar um nome, um agasalho, sequer um pedaço de pão. Chamavam-nas de “crianças carentes”.
Por não entender a razão de tamanha disparidade social, meu medo aumentou. Afinal estávamos quase no limiar do século XXI e notadamente todas as “criaturas grandes”, apesar de estarem prontas para a vida, pareciam ter perdido toda a esperança ou se tornado insensíveis. Ali, um pouco daquela “minha esperança” também quis ir embora.
Inconformado, fiz um escarcéu danado; terminei convencendo-a a ficar um pouco mais, e se aliar àquelas “criaturas menores” por vezes pouco notadas por aquelas “criaturas grandes”. E aquela minha esperança, sem dar tanto crédito às minhas promessas, me fez ameaças. Imaginem que ela teve a petulância de obrigar-me a assumir o compromisso moral de lhe dar total proteção a partir daquele momento.
Não tive alternativa; prometi, entre outras coisas, um mundo melhor.
Naquele meu “mundo prometido”, que também seria seu, deixariam de existir conflitos e injustiças sociais; a fome e a miséria, também. As “criaturas grandes”, sobretudo as mais abastadas, num esforço conjunto iriam, a partir daquele instante, subsidiar as “criaturas menores”, proporcionando-lhes as mínimas condições de uma vida digna.
Todas as “criaturas grandes”, indistintamente, uniriam suas mãos formando um grande mutirão social. Tais mutirões, em proporções menores, com o fito de arrancar pela raiz todos os “males sociais”, se alastrariam por todo o universo conhecido, até atingir os espaços ocupados por todas aquelas “criaturas pequenas”, assim como eu, que equivocadamente são chamadas de “crianças carentes”.
A partir daquele momento seria assinado um tratado exigindo de todas as “criaturas grandes”, abastadas ou não, maior atenção para com todas as “criaturas pequenas”, sem qualquer distinção. A expressão “criança abandonada” seria suprimida dos livros e dicionários.
Ufa! Quanta exigência dessa minha pequena esperança. Mal sabe ela que “outras esperanças” por aqui já passaram e ainda estão por aí reivindicando as mesmas coisas e essas “criaturas grandes”, sentadas estiveram e ainda permanecem em seus tronos e, por vezes nada fizeram para mudar o triste quadro social que aí está, tendendo a se perpetuar no tempo.
Ah! Minha grata esperança, o pouco que vi e vivenciei cá neste mundo das “criaturas grandes”, me habilita a sentir muita saudade do mundo de onde vim.
Bons tempos aqueles! Lá eu era feliz e não sabia.
Como vocês se recordam e eu me lembro muito bem, quando aqui cheguei, nesse universo dominado pelas “criaturas grandes”, eu era simplesmente uma “criança”, e como tal eu estava cheio de esperança.
Lembro-me também que antes de partir, percebi que pelo menos duas “criaturas grandes” me aguardavam com grande ansiedade. Tinham ar de criaturas espertas, tão espertalhonas que sem nenhuma consulta prévia escolheram meu nome, minhas vestes e até planejaram o que eu deveria ser assim que ficasse “criatura grande” também.
Devo confessar que tive muito medo de tudo aquilo que aquelas duas “criaturas grandes” falavam a respeito de seu mundo, até então desconhecido por mim.
Sem que elas percebessem, pude observar que bem ali perto de seu alcance, algumas “criaturas menores”, meio desamparadas, choravam famintas e tremiam de frio. Não havia nenhuma “criatura grande” disposta a lhes dar um nome, um agasalho, sequer um pedaço de pão. Chamavam-nas de “crianças carentes”.
Por não entender a razão de tamanha disparidade social, meu medo aumentou. Afinal estávamos quase no limiar do século XXI e notadamente todas as “criaturas grandes”, apesar de estarem prontas para a vida, pareciam ter perdido toda a esperança ou se tornado insensíveis. Ali, um pouco daquela “minha esperança” também quis ir embora.
Inconformado, fiz um escarcéu danado; terminei convencendo-a a ficar um pouco mais, e se aliar àquelas “criaturas menores” por vezes pouco notadas por aquelas “criaturas grandes”. E aquela minha esperança, sem dar tanto crédito às minhas promessas, me fez ameaças. Imaginem que ela teve a petulância de obrigar-me a assumir o compromisso moral de lhe dar total proteção a partir daquele momento.
Não tive alternativa; prometi, entre outras coisas, um mundo melhor.
Naquele meu “mundo prometido”, que também seria seu, deixariam de existir conflitos e injustiças sociais; a fome e a miséria, também. As “criaturas grandes”, sobretudo as mais abastadas, num esforço conjunto iriam, a partir daquele instante, subsidiar as “criaturas menores”, proporcionando-lhes as mínimas condições de uma vida digna.
Todas as “criaturas grandes”, indistintamente, uniriam suas mãos formando um grande mutirão social. Tais mutirões, em proporções menores, com o fito de arrancar pela raiz todos os “males sociais”, se alastrariam por todo o universo conhecido, até atingir os espaços ocupados por todas aquelas “criaturas pequenas”, assim como eu, que equivocadamente são chamadas de “crianças carentes”.
A partir daquele momento seria assinado um tratado exigindo de todas as “criaturas grandes”, abastadas ou não, maior atenção para com todas as “criaturas pequenas”, sem qualquer distinção. A expressão “criança abandonada” seria suprimida dos livros e dicionários.
Ufa! Quanta exigência dessa minha pequena esperança. Mal sabe ela que “outras esperanças” por aqui já passaram e ainda estão por aí reivindicando as mesmas coisas e essas “criaturas grandes”, sentadas estiveram e ainda permanecem em seus tronos e, por vezes nada fizeram para mudar o triste quadro social que aí está, tendendo a se perpetuar no tempo.
Ah! Minha grata esperança, o pouco que vi e vivenciei cá neste mundo das “criaturas grandes”, me habilita a sentir muita saudade do mundo de onde vim.
Bons tempos aqueles! Lá eu era feliz e não sabia.