A PALAVRA ERRADA
Faz tantos anos! Foi numa noite de lua cheia! Ela era aquela menina entre aberto botão de rosa. A hora dançante como diziam, seria na casa da Joana, amiga de muitos anos.
– "Por favor, mãe, deixa-me ir! É só até meia noite! Os pais da Joana estarão presentes o tempo todo! Por favor, deixe"! Ela insistiu tanto que a mãe acabou cedendo.
Joana morava numa casa enorme, com jardins, muito iluminada. O irmão foi levá-la e iria buscá-la na hora marcada. Quando Lúcia chegou o som anunciava como seria gostosa sua festa: boleros, sambas, valsas, convidavam. Os rapazes pelo salão já conferiam seus pares.
O coração de Lúcia batia fortemente. Assentou-se com suas amigas numa mesa e ficou aguardando ser convidada para dançar. Quando o som começou a tocar, um rapaz alto, simpático, lindo de morrer, aproximou-se:
- "Dá-me o prazer desta dança"? Lúcia jamais se esqueceu da emoção de ser abraçada por ele e dançar várias vezes, nos seus braços - braços de Tarzan.
Para descansar convidou-a para o jardim onde mesas se espalhavam. Sentaram-se debaixo daquela lua cheia, trocaram confidências, planos, enfim um pedido de namoro.
Lúcia estava deveras encantada. Ela bebia um guaraná e ele pediu um conhaque. Olhando nos olhos de Lúcia, muito romântico, disse:
- "Eu não devia te dizer, mas esta lua, este conhaque, botam a gente comovido, como o diabo".
Lúcia quase desmaiou. Foi como jogar água fria numa linda fogueira que crepitava lançando chamas ao céu.
Olhou para ele e não mais viu o homem lindo de morrer e sim, o próprio demo.
Educadamente pediu licença pois já estava na hora marcada pela mãe, e o irmão já a aguardava.
Saiu de fininho pensando: - "Quase embarco numa do diabo"!