SORRISO DO AMAHÃ


Quando lá em casa se sentava em volta da mesa, pra simplesmente jogar conversa fora, passar o tempo, se tinha a sensação que a vida não tinha pressa, que nada ia nos afetar; apenas o que importava era aquele instante de encontro, de partilha.

Hoje, se esse momento não faz prte do passado de uma forma definitiva, está bem menos frequente, e varios são os motivos que levam a isso.

Temos menos vontade de nos encontrar, não queremos muito ouvir os problemas alheios, preferimos nos distanciar e nos esquecer enfrente a uma tela de tv, ou num computador qualquer.

Damos muitas vezes a desculpa de fata de tempo, pois o pouco que temos não podemos perder nos fazendo presentes para aqueles que muitas vezes só querem alguém que os ouça, apenas os ouça.

Fujo sempre da ideia de saudosismo, pois acredito que tudo que se vive tem seu proprio espaço e tempo, e não se repete.
Mas sempre volto nos meus pensamentos para aquelas ocasiões em que fui mais humano, menos automatico,mais entregue aos sentimentos, menos pragmatico.

Outrora meu caminho, acreditava construir, hoje sinto que vou me deixando levar pelos acontecimentos, sem controle absoluto do que quero.

A voracidade com que os dias de hoje nos consome, me deixa a ideia de que conheço quem amo muito menos do que gostaria.
Tenho duvidas se sei quem realmente são as minhas filhas, minha mulher, meus amigos, parece que algo fica lá atrás, escondido, sem dar as caras; talvez com medo de decepcionar quem se ama.

Temos segredos que tentamos esconder até da gente, aqueles por menores que tanto nos afligem, e as vezes até nos envergonham, e assim vamos tapando o sol com a peneira, sem dar nomes aos bois.

De fato não sabemos lidar com tudo que nos é imposto, com a vida que acontece na maioria das vezes sem o nosso consentimento.

Falamos em alto e bom som, que somos donos da nossa vida e do nosso destino, e é ai, que praticamos a maior das tolices; acreditamos na nossa superioriadade, somos auto suficientes, e acabamos não sendo verdadeiros com nós mesmos.

Pode parecer amargura, mais não é, são apenas impressões que carrego daquilo que vivi e vivo.

A mesa cheia de gente é um pouco de saudade da simplicidade que a vida oferece, e que a gente, talvez sem perceber, deixamos de lado, em nome de uma busca insensata e sem sentido.

Eu só espero que nas lagrimas da saudade, eu encontre o sorriso do amanhã.

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