Desavenças no trânsito - um exemplo do que não fazer...

Desavenças no trânsito - um exemplo do que não fazer...

(Trânsito, Goiânia, GYN, crônica, comportamento no trânsito)

A breve história que vou contar diz bastante sobre a quantas anda o trânsito de Goiânia e, do comportamento dos motoristas e pilotos de motocicleta nas suas vias de tráfego. Aí vai:

W. voltava de uma viagem ao interior, num dia que reputava de ruim - sábado à tarde e, para chegar ao prédio onde morava, teria que, praticamente, atravessar a cidade.

Cansado e, um tanto nervoso com as questões de trabalho que enfrentou durante a semana, mergulhou no trânsito apertado de GYN, saindo da rodovia estadual e, mergulhando na eletricidade das ruas (atualmente entupidas de carros e motocicletas!), entrando por uma via que passava pelo centro e, depois, numa outra, em direção ao jardim América, a sobrecarregada T-6.

Vinha dirigindo na altura do "Moreirinha", quando foi ultrapassado por um veículo em alta velocidade, que o fechou próximo a um farol, momento em que não aconteceu um abalroamento lateral do seu carro, por conta de sua orgulhosa perícia ao volante. Mas, não conseguiu se controlar e, abriu a porta e esbravejou com o condutor do outro veículo que, ao que pareceu, não lhe deu bola.

Após cruzar a avenida, notou que o veículo foi desviado para a via lateral e, tentou enxergar o rosto do outro condutor, mas não pode, por conta do ângulo da luz do sol no vidro absurdamente escurecido do outro veículo. "Deve estar no celular! Só pode...", imaginou.

Quando já se acalmava do susto passado, alguns metros adiante, foi novamente ultrapassado com perigo pelo condutor do tal veículo, que, novamente o fechou, na chegada do cruzamento com a T-2.

Depois de lutar para controlar o veículo e evitar o choque na traseira do outro, perdeu totalmente o controle e, desceu do carro, disposto a tirar satisfações com o tipo agressivo que conduzia o outro veículo. E aí (nestas horas, todos nós temos os nossos delírios e, fantasias de poder), lembrou-se de um facão que, trazia embaixo do banco do passeiro de seu carro - que havia levado junto com outras ferramentas, para fazer uns reparos nas instalações e casa de umas terrinhas que tinha e, ficavam próximas ao caminho que percorria...

Não deu outra, puxou do facão, desceu do seu carro no sinal fechado, marchou firme na direção do outro e, bateu com a ponta da ferramenta no vidro da porta do motorista, não contendo os gritos: "Você ficou louco, cara? Me fechou por duas vezes! Quase que a gente se arrebenta, no meio da rua - irresponsável! Abra o vidro do carro pra gente conversar..."

Pois bem: na medida em que o vidro escurecido do tal carro abriu, foi mostrando o outro motorista com uma pistola em punho, com o gatilho puxado. Então, ouviu dele: "Escuta bem cara, não tô nem aí e, não estou num bom dia. Tou pronto pra qualquer coisa - se manda! Agora...".

W., assustado deu uns passos patéticos para trás, o facão quase caindo de sua mão trêmula e, apenas conseguiu responder: "Perái - aí, vc tá apelando! - fica na sua..." e, deu meia volta, retornando murcho para o próprio carro, percebendo o grotesco e, o perigo daquela situação, saindo aos poucos do torpor e caindo em si, procurando ajustar as emoções, o pensamento, para retomar o itinerário...

Pois, é. O trânsito nas cidades brasileiras de um certo porte viraram uma aventura. Mas, atitudes impensadas só contribuem para o ambiente estressado e, para resultados imprevisíveis, em determinadas situações...

Quem me contou essa história quase irreal (ainda mais, quando que teve como protagonista um sujeito de gestos e hábitos quase franciscanos), leitor, foi o próprio W., que é alguém que lida constantemente com assuntos relacionados à execução da política de trânsito, que já a utilizou a história como um triste exemplo, quando fala de comportamento no trânsito, em palestras.

Todo mundo tem lá, o seu dia ruim. Mas, para algumas, porém, todos os dias são confundidos pesadelos...