Brincando de Escrever

Estou brincando e me divertindo, escrevendo sobre as mazelas humanas, que tomam os dias que se sucedem pela vida. Repetidamente vou delineando os pesares, as maldades, as saudades, todos os sentimentos e os sentidos, que não são tomados, e as escolhas que são dadas a cada um pelo destino.

Percebo que nesta brincadeira, vou conhecendo o desconhecido, vou me tornando mais forte, vou me fazendo mais sábia. Percebo as diferenças, entre os seres, percebo as nuances das delicadas sensações humanas, e vou vivendo-as sem vivê-las.

E assim também, cometo os erros imperdoáveis, sem ferir a ninguém e ferindo o que me é suportável, a dor desta brincadeira não me incomoda, me transporta para um estado superior.

Quando crescemos aumentamos e restringimos nossa visão. Aumentamos pois a vida deixa de ser um conto de fadas, e restringimos, pois nos limitamos em poucos sonhos. Quando brinco de escrever, eu vou além do que toleram os adultos, viajo no espaço da infância e da maturidade, tornando realidade e dando cor as sensações intangíveis de alguém que não se permite, sonhar, que não se permite sofrer.

Escrever é ser criança, é ser adulto, é ser a fada e o monstro que assombra os sonhos, sem temer.

Nessa brincadeira irresistível, vou seduzindo à mim, emocionado a minha vida, alucinando dentro de um sobriedade envolvente. Escrever é terminantemente, minha loucura permitida, meu vício irreprimível, meu desejo lúcido e latente, as vezes nego meu desejo em brincar, mas quando brinco, o prazer é inegavelmente o meu maior deleite ao respirar.