O CUCO E A PRIMAVERA

O CUCO E A PRIMAVERA

Dia 23 de Abril deste ano 2009 precisamente às 10h45, de uma radiosa manhã de céu azul claro e temperatura de uma típica primavera portuguesa ouvi cantar o cuco.

A última vez que terei ouvido cantar essa ave encantadora e cheia de enigmas, recua ao tempo em que o sonho inocente era possível e, o sonho tinha asas de vento e sobrevoava estes montes cheios de encantamento ao som inconfundível do canto do cuco.

Noutras primaveras era comum ouvir-se o cuco, e segundo testemunhos hoje já não é tão comum o privilégio de se ouvir e ver essa ave que, costuma anunciar a primavera por estas terras para onde migra nesta quadra do ano para nidificar, (nidificar é um modo de dizer, pois, o cuco põe seus ovos no ninho das outras aves) e ter seus filhotes.

Imaginem, pois, a emoção, o êxtase que me invadiu e me paralisou ante o ines-perado, o inesquecível e mágico momento, começo real da primavera, pois que até aquele momento o tempo ainda que oficialmente de primavera, não tinha a temperatura, de outras primaveras que eu conheci. Mudam-se os tempos, mudam-se as caras, assim é a vida.

À semelhança do cuco e das outras avezinhas que por aqui cantam alegremente, explodem as flores multicores por toda a parte, numa verdadeira urgia que extasia e quase entontece. É que Portugal tem um clima talvez único, onde as mais variadas espécies de flores crescem a par com as ervas daninhas.

Há flores, a enfeitar janelas, a trepar pelos muros, à beira dos caminhos e esparramarem-se pelos campos incultos e os montes.

Mas para apreciar esta sinfonia de sons e cores, o viajante tem que se pôr a cami-nho, ou seja, enveredar pelo Portugal rural, o Portugal profundo, onde a alma das gentes e das coisas é mais autenticamente portuguesa. Aqui ainda é possível a aventura desmapada e desroteirada que é obrigatoriamente a aventura interior e, embora haja países do mundo onde há condições para isso acontecer, “Portugal tem condições únicas para que essa viagem se faça, às vezes sem retorno”… explico é que o encantamento da terra, a tal pode nos levar.

“Nesta abençoada costa Oeste da Europa, o sol brilha, em média, 220 dias por ano. Isto significa que vivemos sobre uma magnífica abóbada azul clarinho com o mar como reflexo, obviamente azul. O país é azul”. Ora o azul tem poderes sobre as personalida-des, estados de alma, disposições e humores, o azul tem poderes sobre os humanos.

É pois, sob os efeitos dos humores e, o estado de graça, que saúdo a nova primavera neste “Jardim da Europa à beira mar plantado”

Eduardo de Almeida Farias Portugal, 23.4.2009

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 17/06/2009
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