A VOZ DAS RUAS
Seja para celebrar ,seja para reclamar, ou ainda,para cantar amores,nada se compara á voz das ruas.
O nosso povo é
poeta pela própria natureza,e,como tal,dá voz ás suas emoções através dos versos;é a musa-povo que chora os acontecimentos fatídicos em lundus e serenatas e,mudando as palavras e entonações,canta os amores e as saudades.
João do Rio,grande cronista carioca,dizia:-“Onde vai o homem,lá estará á sua espera,a musa.”
O verso domina, rege,anônimo,brotando das bocas ricas ou pobres,é o canto popular que se impõe e se agiganta.É a garganta e o coração das ruas!
Ninguém sabe quando ou onde começou a canção.O ritmo,começou com o primeiro homem?Adão teria feito trovas amorosas para Eva?Ou Lilith?Porque desde os primeiros tempos já havia o “amor de salvação” e o” amor de perdição”;e,todos deveriam ser cantados.
E a cadencia?Provavelmente nasceu com as primeiras tribos,batendo nos seus atabaques.
Os gregos já tinham o sentido da métrica e faziam canções para tudo e todos.O termo grego para “lei” é o mesmo que para “canção”,descobriu Aristóteles.
A modinha louva os deuses,empurra os homens para a guerra,(observem os hinos nacionais dos países,banhos de sangue metrificados),louva a beleza,num trá-lá-lá gostoso,que nos faz cantarolar a todo momento,fazendo a louvação do amor e da felicidade.Quem nunca cantarolou nas ruas,num dia feliz,bailando ao sol,que atire a primeira pedra;que pode ser até uma catilinária,que eram versos de crítica e oposição.
A modinha entrou nos palácios,as damas,coradas,nos seus aposentos,seios palpitantes,cantavam as endechas,floriam nos corredores e sacadas,as cantigas de amor e de amigo.A modinha era o soluço,o suspiro,a paixão.
E,havia vários tipos de apaixonados:
O trágico:
É meia-noite; o triste bronze chora
A lua oculta numa nuvem escura.
Calou-se a flauta numa longa queixa
O pobre louco morreu de amargura.
O irônico:
Zombaste, mulher,com riso de escárnio
De pobre artista todo fogo e ardor
Amava-o,dizias,julgando talvez
Que do mundo fosse algum rico senhor.
O lírico:
Amo-te,ó virgem,como ama o nauta
Á luz da estrela que lhe guia o lar...
O triste:
Quisera amar-te,mas,não posso,Elvira
Porque gelado tenho o peito meu.
O zangado:
A mulher é o diabo de saias
Que nasceu para os homens tentar;
É perversa, é maldosa e tem lábia
Que nos põe a cabeça a girar.
O trocista:
O amor da mulher é cachaça
Que se bebe com frio e calor
O amor da mulher é chalaça
É cantiga de mau trovador.
E por aí vai...
O canto das ruas é vagabundo, sim,muitas vezes sem métrica ou sentido.Como essas trovas do início do século tão bem selecionadas pelo cronista das ruas,mas,que refletem a alma das multidões.
Fonte:João do Rio
Seja para celebrar ,seja para reclamar, ou ainda,para cantar amores,nada se compara á voz das ruas.
O nosso povo é
poeta pela própria natureza,e,como tal,dá voz ás suas emoções através dos versos;é a musa-povo que chora os acontecimentos fatídicos em lundus e serenatas e,mudando as palavras e entonações,canta os amores e as saudades.
João do Rio,grande cronista carioca,dizia:-“Onde vai o homem,lá estará á sua espera,a musa.”
O verso domina, rege,anônimo,brotando das bocas ricas ou pobres,é o canto popular que se impõe e se agiganta.É a garganta e o coração das ruas!
Ninguém sabe quando ou onde começou a canção.O ritmo,começou com o primeiro homem?Adão teria feito trovas amorosas para Eva?Ou Lilith?Porque desde os primeiros tempos já havia o “amor de salvação” e o” amor de perdição”;e,todos deveriam ser cantados.
E a cadencia?Provavelmente nasceu com as primeiras tribos,batendo nos seus atabaques.
Os gregos já tinham o sentido da métrica e faziam canções para tudo e todos.O termo grego para “lei” é o mesmo que para “canção”,descobriu Aristóteles.
A modinha louva os deuses,empurra os homens para a guerra,(observem os hinos nacionais dos países,banhos de sangue metrificados),louva a beleza,num trá-lá-lá gostoso,que nos faz cantarolar a todo momento,fazendo a louvação do amor e da felicidade.Quem nunca cantarolou nas ruas,num dia feliz,bailando ao sol,que atire a primeira pedra;que pode ser até uma catilinária,que eram versos de crítica e oposição.
A modinha entrou nos palácios,as damas,coradas,nos seus aposentos,seios palpitantes,cantavam as endechas,floriam nos corredores e sacadas,as cantigas de amor e de amigo.A modinha era o soluço,o suspiro,a paixão.
E,havia vários tipos de apaixonados:
O trágico:
É meia-noite; o triste bronze chora
A lua oculta numa nuvem escura.
Calou-se a flauta numa longa queixa
O pobre louco morreu de amargura.
O irônico:
Zombaste, mulher,com riso de escárnio
De pobre artista todo fogo e ardor
Amava-o,dizias,julgando talvez
Que do mundo fosse algum rico senhor.
O lírico:
Amo-te,ó virgem,como ama o nauta
Á luz da estrela que lhe guia o lar...
O triste:
Quisera amar-te,mas,não posso,Elvira
Porque gelado tenho o peito meu.
O zangado:
A mulher é o diabo de saias
Que nasceu para os homens tentar;
É perversa, é maldosa e tem lábia
Que nos põe a cabeça a girar.
O trocista:
O amor da mulher é cachaça
Que se bebe com frio e calor
O amor da mulher é chalaça
É cantiga de mau trovador.
E por aí vai...
O canto das ruas é vagabundo, sim,muitas vezes sem métrica ou sentido.Como essas trovas do início do século tão bem selecionadas pelo cronista das ruas,mas,que refletem a alma das multidões.
Fonte:João do Rio