"Deixa Eu Viver a Minha Vida"

Num dia qualquer de uma semana normal, estou me vestindo para ir trabalhar, quando escuto um diálogo entre a minha irmã e sua filha. Era bem cedo da manhã, tipo umas 6:30 e lá em casa nesse horário já ta todo mundo meio louco. Bem, voltemos ao diálogo. “Mamãe quero colocar um piercing aqui” - informa minha sobrinha para a minha irmã. Ela por sua vez – claro – se impressiona com o que minha sobrinha fala, mas como uma mãe moderna ela disse “que historia de piercing é essa? Você só vai colocar piercing quando tiver 18 anos. Dezoito não, quinze” e virou pra continuar a se vestir. Nesse momento, minha sobrinha pega a minha irmã pelo braço, coloca a mão na cintura e diz em alto e bom som “Mamãe, deixa eu viver a minha vida”. Parece uma conversa típica das adolescentes do nosso tempo, salve o fato de minha sobrinha ter SOMENTE três anos de idade.

Sentei na cama com as calças ainda pelo joelho e fiquei repassando a frase na cabeça, que me remeteu aos meus momentos de reflexão constantes. Fiquei comparando como eu era aos 3 anos (claro, com ajuda da minha mãe) e como a minha sobrinha se comportava e pensei o que levava uma criança a ser tão precoce dessa maneira. Na minha época eu não sabia o que era piercing – se é que ele existia!! -, quando eu tinha três anos eu só perguntava “por quê?”, pois queria saber o que era janela, o que era isso ou aquilo. Mas hoje a minha geração continua perguntando o porquê das coisas e são os mais novos que estão nos respondendo. Eu ainda aos 16 anos, brincava com os animais que vinham em pacotes de salgadinhos, mas a minha sobrinha já tava querendo um piercing. Quanto tempo iria durar para querer uma tatuagem? Ou se já pensava em beijar na boca, namorar, ir para as baladas ser independente? Parei de pensar, minha mente já estava viajando aos montes. Decidi parar, pois tinha de ir para o trabalho. Logo mais a noite, quando cheguei em casa, vi minha sobrinha em frente a Tv, vendo um casal aos beijos envoltos em um lençol branco depois de uma noite tórrida de amor. “Foi ai que ela aprendeu” – me respondi e lamentei pelo que ainda poderia vir.

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