Namoro, sonhos e pesadelos na internet
Dia dos Namorados, 12 de junho, Alfredo após horas de namoro com a sua princesinha de nick “Gatinha Manhosa”, despediu-se com muita dificuldade dizendo:
- “vou dormir quentinho com vc”
- “não vou aguentar esperar até amanhã”
- “o seu cachorrão já está com saudades”,
até que um digitou: “miau, miau, miau”,
e o outro teclou: “au, au, au”
e terminaram exaustos sovando as teclas do computador com: “bjs, bjs, bjs”
Esse mela-mela digital arrastou-se por toda a madrugada e o fato de estar vestindo somente cueca e chinelo, o frio congelou seus cambitos.
Como tinha que levantar muito cedo para trabalhar, desligou o computador e deitou-se envolvido pelos escaldantes pensamentos de sua transa cibernética.
Percebeu que Margarida, sua bela esposa, estava quentinha debaixo das cobertas.
Tentou compensar aquela diferença térmica abraçando-a com cautela pois não achava conveniente acordá-la.
Não conhecia fisicamente a sua "Gatinha Manhosa", embora estivessem namorando há quase três meses porem, a sua imaginação garantia-lhe ser linda, delicada e perfumada.
Olhou o rosto jovem de Margarida que parecia dormir confortável e feliz e apagou a luz do pequeno abajur sobre o seu criado mudo.
As horas foram passando e Alfredo virava para um lado, virava para o outro e não conseguia dormir pensando na sua adorável “Gatinha Manhosa”.
Sentia que seus olhos já estavam cozidos, mas permaneciam arregalados.
Levantou e deitou-se muitas vezes até que foi sucumbido pelo cansaço e dormiu pesado.
O sol já estava a pino quando Alfredo acordou apavorado. Novamente tinha perdido a hora para o trabalho.
Percebeu que Margarida já havia saído para o trabalho e ficou irritado por não tê-lo acordado.
Ficou imaginando que explicação iria dar para o patrão por chegar mais uma vez atrasado ao serviço.
Levantou-se num impulso e foi apressadamente para o banheiro tomar um banho rápido.
O que Alfredo não imaginava era ver o que estava estampado no espelho do banheiro.
Um imenso coração desenhado com batom vermelho.
Ao lado do coração lia-se:
“FUI CACHORRÃO”
“AGORA ESTOU COM O SEU PATRÃO
E VOCÊ...:
ESTÁ DESPEDIDO”