A galinha flutuante

A galinha flutuante

Essa também aconteceu na terrinha e, foi contada por um amigo...

O velho Braz, aposentado e viúvo, vivia só em sua casinha, na última rua do bairro da periferia da cidade. Era uma pessoa afável, bem quisto pela vizinhança, mas tinha lá uns costumes dos quais não abria mão. Um deles, era o cigarro de palha e, o outro, era criar umas galinhas no fundo do quintal, apenas para o consumo próprio, e distração, em sua vidinha sem graça.

Em geral, se satisfazia com a manutenção de umas 15 cabeças, entre frangotas e galinhas no ponto de abate.

Mas, veio um tempo em que alguém da sua vizinhança resolveu dar em cima de seu plantel e, suas penosas começaram a desaparecer. Toda semana, uma ia embora. Ele repunha a galinha sumida, mas as mais gordas continuavam desaparecendo, inexoravelmente.

Certo dia o velho Braz, empertigado estristecido com o mistério do sumiço das preciosas galinhas, estava sentado na sala, assistindo um filminho modorrento de sessão da tarde na televisão. De repente notou um movimento no quintal, através da janela do quarto, que estava aberta.

Aí, começou a ver pela janela uma das suas galinhonas batia asas, e parecia flutuar na direção da borda do muro de divisa da casa, acima. Era uma cena estranhíssima e, ele não acreditava no que via. Passado o torpor, correu para o quintal e a galinha continuava lá, à beira do muro, no ar, e batendo com força as asas.

Mas, como andava desconfiado, agarrou-se à borda do muro e, quando olhou do outro lado, estava um vagabundo muito bom no trato, que mudara para a casa vizinha, puxando a linha de uma vara de anzol com a qual "pescado" uma de suas bichinhas – depois de engolir a isca com anzol e, serem fisgadas, o malando já sabia que elas não emitiam nem um piado!