Loucuras de Amor

Já tive muitos momentos bons e muitos momentos ruins também nesta vida. Já fiquei alegre, fiquei triste, com raiva, magoado; já chorei, sorri, brinquei, briguei... Tudo por causa do amor.

Loucuras sempre ficam marcadas se tratando de amor. Minhas loucuras não chegam a ser loucuras “doidas”. Fiz poemas, e fiz tantos. Muitos por causa da tristeza e muitos por causa da alegria. No final das contas falaram para eu escrever um livro. Já fiz surpresa: entreguei flores no colégio (Eu devo imaginar a fisionomia dela na sala de aula, enquanto seus amigos gritavam euforicamente); já gritei na rua: “EU TE AMO!” Muitas pessoas viram e ouviram. Já dei presentes, roupas, calçados, ursinho de pelúcia, alianças e mais alianças. Para os outros até aumentava estórias falando bem do meu amor para que estes tivessem uma boa impressão mais ainda do que nós passávamos. Outros tinham inveja do nosso sentimento e inventavam mentiras para nos destruir; e queria sair aos chutes e ponta pés com os outros para defendê-lo, para protegê-lo. Não queria que ele saísse machucado ou ofendido. Daria minha vida por ele se fosse preciso. Ah! Quando se ama na adolescência as coisas parecem que fogem do nosso controle!

Para meu amor fiz canções belas, verdadeiras obras de arte. Por amor quis que meu corpo ficasse mais bonito. Então malhava, dava um duro, me “impiriquitava” todo para ele e depois dizia palavras românticas, verdadeiros conselhos, lições de vida que passavam despercebidos. E a minha paciência parecia ser infinita.

Nosso amor era tão forte, mais tão forte que podia estar o mundo se acabando, mas se nós estivéssemos em paz conosco seria mil maravilhas.

Fazíamos amor em todo o lugar: nas escadas da vida, no banheiro, sala, cozinha, corredores, praças, parques e nas horas mais estranhas possíveis. Os lugares mais estranhos seriam aqueles que todos conhecidos íntimos e pessoas que não nos conheciam poderiam nos ver só que nunca viam; na frente de todos e ninguém percebia. Foi, então que, começamos a querer lugares onde ninguém poderia nos pegar em pleno ato de puberdade. Nunca vou dizer só prazer, pois o amor era mais forte que o prazer. Só o fato de nós nos abraçarmos era motivo de alegria infindável. Nunca tinha um lugar e nem um tempo para nós dois ficarmos juntos sozinhos, então, sempre procurávamos um, dificilmente encontrávamos. Quando a gente encontrava um lugar bom, um “esquema da hora” ficava marcado no coração e na mente.

Já apanhei por amor, já bati por amor, já me enrolei no amor e nele fiquei preso por vontade, como diz Camões.

Em nossas brigas sempre havia um perdedor, mas hoje sei que nós dois é que perdíamos ao mesmo tempo por causa da nossa ignorância. Um dia erramos, mas somente eu que pedi desculpas. Pedi perdão chorando. Estava muito arrependido, pois orei a semana inteira e no final das contas caí na cilada da vida, ou seria na cilada do inimigo? Eu nem estava cem porcento errado. Meu amor também estava. Só que ele quis colocar a culpa somente em mim. No final das contas fui humilhado pelo erro dele também.

Nossas loucuras são infindáveis, ninguém nos entendia. Diziam que nós éramos loucos e que a gente se merecia por sermos insanos.

Foram tantas loucuras, mas tantas loucuras que dá vontade até de chorar só no fato de lembrar... E no final de tudo nos separamos. Acho que a nossa pior loucura foi terminar o nosso relacionamento nos amando...

03/02/00 15h42min

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 14/06/2009
Reeditado em 26/09/2011
Código do texto: T1648431
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