APENAS O PRINCIPIO DA CAMINHADA...
Texto inspirado pela leitura de " Outono " de Lílian Maial
Houve um tempo, em que, ele me escapou!
Fugiu por entre os meus dedos, transformando-se, evaporou!
Eu cabisbaixo, pensei ter sido vencido, ter sido ludibriado, quando dos tantos desejos por mim urdidos, quase nenhum deles se confirmou.
E em verdade, muitos destes sonhos desfeitos, que me abriram feridas no peito, estavam focados nos outros... É verdade que estes outros, são pessoas queridas, que fazem parte de minha vida, e uma parte importante até!
Eu caminhei por meus caminhos, pensando profundamente, crendo ardentemente, serem os mais acertados.
Sim, eu me perdi de certo, entre tantos afazeres, objetivos, dificuldades e prazeres, deixando de ter controle sobre o tempo! Mas ele não, sempre teve dominio sobre mim!
Nunca foi simples, nem fácil, nada prático, onde o que me parecia certo, mostrou-se de certo modo errado...
Em minha formação havia sempre um foco; a felicidade!
Não qualquer felicidade, não uma felicidade apoiada em bases frágeis, em um mal estar que fosse, sobre quem quer que fosse!
Utópia das utópias, encontrar o estado perfeito, um estágio perfeito das coisas, nas pessoas e em mim.
Houve também um tempo em que desisti de ver as pessoas sobre a minha ótica, apenas vê-los, da forma como eles se deixam ver.
Desisti de emprestar a minha voz, para derrubar barreiras que eu cria atrapalhar o caminhar das pessoas ao meu redor, e deixando-as seguir, da forma como queriam ir, eu as vi sumir pelos caminhos, deixando-me só, comigo mesmo, da mesma forma como estou aqui, agora!
Quanta dor, oprimindo meu peito, querendo matar o meu ser, o meu jeito de ser...
Quantas lágrimas, raiva, discórdia, palavras não ditas, silêncios de matar, de se morrer...
Mas o tempo tão inclemente, tão fortemente, puxou-me para si!
Colocou-me frente a frente, com o meu tempo perdido, com a vida não vivida, com os sonhos até então urdidos...
Eram folhas mortas, de outonos passados, quando em vez de refazer-me eu recriava o que estava morto... E o que eu vivia pensando ser sonhos, eram apenas fantásmas...
Ante a loucura, procurei um porto seguro, de onde pudesse caminhar.
E eu encontrei somente a mim mesmo!
Já não me bastava viver o perfeito, era preciso viver o quase perfeito, para poder viver!
E aquela felicidade plena, intensa, quase nem existe, é como uma bela fruta, macia, tenra, que atiça o apetite, mas que só tem de explêndido, um sumo ralo, quase raro.
E assim fui vendo, sentindo, as brisas frias de fim de junho se movendo, o outono se manifestando em mim...
Folhas mortas, os sonhos antigos, foram varridas pelo sopro do tempo!
Eu comigo mesmo, irmanado, de mãos dadas, fui sentindo novas forças...
Era só o principio da caminhada!
Edvaldo Rosa
11/06/2009