O Silêncio

Intuitivamente desde menina, aprendi a conviver com o som dos meus pensamentos e com o silêncio do meu quarto. Nesse mar de calmaria eu podia ser o que quisesse, e ao mesmo tempo me manter fora do alcance de influências externas.

É nos braços do silêncio que ainda hoje me encolho, abraçando a mim mesma tal como um feto abrigado no ventre materno. Nesse abraço, recolho minhas dores comprimindo-as de encontro ao meu peito. Sufocando-as até chegar ao exato limite onde serei capaz de absorvê-las; e guardar no lugar mais distante do meu ser, onde ironicamente nem eu, posso alcançar. É... Grande aliado o silêncio!

Mas aqui envolta em meus pensamentos e agora abraçada pelo silêncio do outro, é que percebo o quanto barulhento pode ser mesmo que breve este instante. Que pode ser traduzido em um número infinito de palavras, e definido em milhares... Milhões de frases. O problema em tamanha versatilidade, é que entre tantas, apenas um pequeno grupo de palavras pode dar o real sentido a frase que traduz o nosso silêncio. Corremos então o risco de ser justamente essa, a única que não consiga ser percebida, pelos ouvidos de um coração atormentado pela ausência do som das nossas palavras.

Mas como saber? Como enxergar o significado daquele que se confunde com tantas verdades?...Talvez não seja possível. Já que para isso, seria necessário que houvesse um som ou um símbolo com significado específico. E então, não seria... Silêncio.

cinara
Enviado por cinara em 14/06/2009
Reeditado em 02/12/2009
Código do texto: T1648205
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