“FICAR PARA TITIA”
Fui filha única durante 18 anos e isso me custou muita contenção de hormônios. Meu pai não pensava duas vezes antes de rachar minha cara de vergonha, quando algum rapaz ousava se interessar pela “lindeza” da filha dele. Só quando minha irmã nasceu é que ele relaxou um pouco a guarda e, apenas 9 anos depois, ele aceitou me conduzir pela nave de uma igreja e me entregar aos cuidados do meu “príncipe” encantado.
Pressinto, porém, que se meu genitor lesse o material que originou a crônica de hoje, eu teria “ficado para titia”. Recebi, por e.mail, um formulário a ser preenchido pelos pretendentes a namoro com a filha de alguém chamado Márcio Migliacci, de São Paulo, e ora passo a descrevê-lo:
Além de dados como nome completo, data de nascimento, RG, CPF, altura e peso, o cidadão deve fornecer o seu endereço, a sua média escolar, o seu QI, e número de medalhas ganhas durante o tempo em que foi escoteiro. A seguir, o pobre coitado precisa dizer se tem pai (em caso negativo, justificar informando a razão de não tê-lo) e o tempo que os pais são casados (perdendo pontos se essa quantidade de anos for inferior à idade do candidato). Ainda é necessário informar qual é a religião e com que freqüência vai à igreja,
Prosseguindo, é imprescindível que o candidato confesse se usa piercings na boca, no nariz ou outras partes do corpo, e se exibe tatuagens ou outras “esquisitices”. Qualquer informação positiva sobre esses itens, já é suficiente para interromper o preenchimento do documento e desistir da chance ser selecionado.
Em caso negativo, o pobre coitado pode passar a preencher as questões discursivas e informar o que entende por: “Chegar Tarde”, “Filha dos Outros”, “Bulinar Moças” e “Abstinência Sexual”. Confidencialmente, o cidadão precisa deixar registrado onde ele não gostaria de receber um tiro e qual osso ele não gostaria que lhe fosse quebrado.
Uma vez preenchido o formulário, é necessário anexar: a Declaração completa de bens, o Histórico Escolar, o Histórico Profissional, a Árvore Genealógica completa, a Ficha Criminal e um Exame de Saúde completo e atualizado, além da seguinte declaração:
Eu,_________________________________________________, o namorado, doravante denominado “estúpido”, declaro, ainda, que este documento tem poder de “procuração” seja para que assunto for. Desisto de qualquer direito, mesmo sobre minha integridade física, ossos, órgãos, dentes, durante todo o tempo de vigência do namoro e mais “mais nove meses”, pertencendo ao Pai da Namorada os poderes de decisão, inclusive de minha vida ou morte. Ao pai da Namorada não questionarei a autoridade e, deverei agir com obediência cega a toda e qualquer ordem ou vontade que me for imposta, a mínima que seja. Admito toda e qualquer culpa que me for imputada sem questionar e não tenho direito a teste de DNA. Reconheço a legitimidade de “Pagamento de pensão” durante o período que a namorada se mantiver solteira a titulo de indenização moral caso este não resulte em um honroso matrimônio.
Por fim, o Márcio Migliaci, alerta o candidato para aguardar de 2 a 3 meses (em caso de aprovação, o selecionado receberá uma notificação escrita, entregue pela Polícia Militar) e assina o documento informando o seu pequeno currículo:
2 vezes Campeão paulista de tiro (modalidade saque-rápido); Campeão brasileiro de tiro ao alvo (modalidade Moore System); 3 vezes Campeão brasileiro de tiro com olhos vendados; Campeão Paulista de vale-tudo 2002; Campeão brasileiro de vale-tudo 2003; Instrutor de combate com facas; Adestrador de Cães de ataque; e autor dos seguintes livros: “Táticas de Combate”, “Silenciamento de Sentinelas” e “Matando com as mãos”
“Não sei por que”, mas acho que a filha desse sr. vai acabar “ficando para titia”.
Fui filha única durante 18 anos e isso me custou muita contenção de hormônios. Meu pai não pensava duas vezes antes de rachar minha cara de vergonha, quando algum rapaz ousava se interessar pela “lindeza” da filha dele. Só quando minha irmã nasceu é que ele relaxou um pouco a guarda e, apenas 9 anos depois, ele aceitou me conduzir pela nave de uma igreja e me entregar aos cuidados do meu “príncipe” encantado.
Pressinto, porém, que se meu genitor lesse o material que originou a crônica de hoje, eu teria “ficado para titia”. Recebi, por e.mail, um formulário a ser preenchido pelos pretendentes a namoro com a filha de alguém chamado Márcio Migliacci, de São Paulo, e ora passo a descrevê-lo:
Além de dados como nome completo, data de nascimento, RG, CPF, altura e peso, o cidadão deve fornecer o seu endereço, a sua média escolar, o seu QI, e número de medalhas ganhas durante o tempo em que foi escoteiro. A seguir, o pobre coitado precisa dizer se tem pai (em caso negativo, justificar informando a razão de não tê-lo) e o tempo que os pais são casados (perdendo pontos se essa quantidade de anos for inferior à idade do candidato). Ainda é necessário informar qual é a religião e com que freqüência vai à igreja,
Prosseguindo, é imprescindível que o candidato confesse se usa piercings na boca, no nariz ou outras partes do corpo, e se exibe tatuagens ou outras “esquisitices”. Qualquer informação positiva sobre esses itens, já é suficiente para interromper o preenchimento do documento e desistir da chance ser selecionado.
Em caso negativo, o pobre coitado pode passar a preencher as questões discursivas e informar o que entende por: “Chegar Tarde”, “Filha dos Outros”, “Bulinar Moças” e “Abstinência Sexual”. Confidencialmente, o cidadão precisa deixar registrado onde ele não gostaria de receber um tiro e qual osso ele não gostaria que lhe fosse quebrado.
Uma vez preenchido o formulário, é necessário anexar: a Declaração completa de bens, o Histórico Escolar, o Histórico Profissional, a Árvore Genealógica completa, a Ficha Criminal e um Exame de Saúde completo e atualizado, além da seguinte declaração:
Eu,_________________________________________________, o namorado, doravante denominado “estúpido”, declaro, ainda, que este documento tem poder de “procuração” seja para que assunto for. Desisto de qualquer direito, mesmo sobre minha integridade física, ossos, órgãos, dentes, durante todo o tempo de vigência do namoro e mais “mais nove meses”, pertencendo ao Pai da Namorada os poderes de decisão, inclusive de minha vida ou morte. Ao pai da Namorada não questionarei a autoridade e, deverei agir com obediência cega a toda e qualquer ordem ou vontade que me for imposta, a mínima que seja. Admito toda e qualquer culpa que me for imputada sem questionar e não tenho direito a teste de DNA. Reconheço a legitimidade de “Pagamento de pensão” durante o período que a namorada se mantiver solteira a titulo de indenização moral caso este não resulte em um honroso matrimônio.
Por fim, o Márcio Migliaci, alerta o candidato para aguardar de 2 a 3 meses (em caso de aprovação, o selecionado receberá uma notificação escrita, entregue pela Polícia Militar) e assina o documento informando o seu pequeno currículo:
2 vezes Campeão paulista de tiro (modalidade saque-rápido); Campeão brasileiro de tiro ao alvo (modalidade Moore System); 3 vezes Campeão brasileiro de tiro com olhos vendados; Campeão Paulista de vale-tudo 2002; Campeão brasileiro de vale-tudo 2003; Instrutor de combate com facas; Adestrador de Cães de ataque; e autor dos seguintes livros: “Táticas de Combate”, “Silenciamento de Sentinelas” e “Matando com as mãos”
“Não sei por que”, mas acho que a filha desse sr. vai acabar “ficando para titia”.