O E.T. da Bahia - parte 2, Casos e outras coisinhas.
O E.T. da Bahia
- parte 2, Casos e outras coisinhas.
Realmente sinto-me numa situação um tanto quanto constrangedora quando me lembro, ou mesmo tento recontar como, quando e o porquê de termo-nos conhecido – Eu e meu bom amigo extraterrestre, o Etevaldo, como “carinhosamente” o alcunhei. Não que sinta uma espécie de vergonha, receio ou algo que assim se assemelhe, mas é que de fato, foi um fato constrangedor.
Estava eu andando no afamado e conhecido internacionalmente bairro do São Caetano, aqui na cidade do Salvador; quando sem querer esbarrei num turista desavisado, com um semblante de parvo, ou poderia eu dizer, no mínimo de espanto – olhava para tudo, cheirava tudo, só faltava querer apalpar um tudo, mas como nos foi revelado na crônica passada, ele é um ser superior, portanto apalpar não deve fazer parte do seu novo vocabulário – não cheguei a dar-lhe bordoadas ou algo do tipo, posto que dele recebi um poderoso e sincero, Foi mal véi, então meio que apenas restou-me redargüir calmamente, Que nada mano. Depois, como ele estava um tanto quanto perdido, resolvi ajuda-lo; após alguns minutos de conversa revelou-me a verdade – como ele o fez deixo para a outra parte...
Continuemos então. Falávamos de como o Etevaldo agora resolveria o problema cultural entre os nativos – no caso nós – d’antes de proceder a ajudar àqueles os quais precisassem. Como também referi anteriormente, transcrevia tudo o que ele mo dizia numa folha de oficio numa pressa quase tresloucada, pois ele falava mal o dialeto local – também nesse caso, o nosso. Agora, desisti de tentar traduzir tudo “ao vivo”, dando-lhe um caderninho onde anotava suas opiniões e eu faria o cansativo trabalho de tradutor interplanetário – exaustivo, não-remunerado, mas delicioso. Segue-se.
-Os costumes do hoje são totalmente diferentes dos do ontem em vossa sociedade. Primeiro e mais obviamente se vê duas coisas as quais considero como boas: - hoje até mesmo os mais pobres têm acesso a algo que lhes ajude na instrução, no aprendizado; a outra, é que enfim se findaram aqueles cordiais e hipócritas gestos dissimulados entre os que se odeiam, apesar de que ainda existem os quais se consideram mais astuciosos tolamente, que os outros. Falo mesmo era da hipocrisia que existia por ao redor de todos os lugares mais letrados dos quais por vezes visitava, mesmo preferindo estar entre aqueles onde o gênio lírico se havia em seu ser, na sua alma, não em seu ter, o seu possuir; tais com o meu bom amigo Dorival – Fiquei com uma vontade incomensurável de perguntar se por acaso Dorival soube da onde veio o Etevaldo, se foi-lhe revelado o “Where are you from”, todavia acabei esquecendo.
-Agora, a coisa que com certeza mais odiava naqueles tempos de outrora – Reparemos que para ele, existe o ontem e o hoje, os anos são uma outra historia – era o calor em demasia; e ainda tínhamos de usar mil roupas! Eram botoaduras, coletes, uma peça intima imensa que ficava embaixo daquilo tudo; e nem falei das mulheres! As mais pobres davam graças ao Pai por usarem somente vestidos de chita, posto que as mais abastadas tinham de usar um espartilho cruciante coitadinhas. Os homens que eram uns artistas quando tiravam aquilo tudo delas, ou então deixavam nelas estar...
Já hoje que mudança! Talvez seja a falta da roupa o novo problema. Os mancebos com os braços musculosos, alguns tanto quanto gorilas, com aspecto tão selvagem que aterrorizaria animais; as mancebas com vestidos e bermudinhas minúsculas, e não, nem vou perguntar se elas usam alguma coisa por baixo – O leitor amigo sabe que somente as mancebas de bem usam alguma coisa por baixo...
Tenho certeza que ele tocou no aferido assunto pelo fato de termos pego um ônibus há alguns dias atrás; não quero mentir para os meus amigos e amigas leitoras, foi com certeza uma das cenas mais engraçadas que já presenciei cuja pelo longo o qual seria o enunciado, a deixo para o Etevaldo, o qual com o caderninho na mão escrevia enquanto era apertado pelos outros passageiros.
-Que situação mais, Peraí véi, inesperada a qual estas pessoas dessa sociedade devem, Escreve isso mais tarde seu maluco, Cala a boca que eu tô escrevendo, suportar meu bom Deus, Por que sempre tem um doido? Já passei por isso antes, achando que nunca mais...
-Imagina isso todo santo dia pela manha, falei frisando-o, com um sorriso no rosto.