Rua Estreita

Afora algumas idas e vindas rápidas por outras cidades cearenses, praticamente me criei em Juazeiro do Norte, no Ceará. Esta é uma cidade diferente. Tem por volta de 300 mil habitantes. No entanto em algumas datas do ano chega a duplicar até triplicar sua população, em virtude das romarias do Padre Cícero.

Eu nasci em Aurora. Era 1961. Em meados de 1964 chegamos a Juazeiro do Norte mais precisamente no bairro dos Franciscanos. Neste bairro fiquei toda minha infância e adolescência. Geograficamente aqui hoje é o centro da cidade.

Somos aurorenses. Todos de nossa família morávamos neste bairro. Minha avó dona Toínha, filhos, netos e agregados. Madrinha França e sua família. Tia Bia, seu esposo Antônio, juntamente com seus enteados. E outros familiares.

Sempre tenho lembrança da travessa São Francisco mais conhecida, em minha infância, de Rua Estreita. Esta ainda existe até nossos dias. Ela começa na Rua Nossa Senhora do Carmo e termina na Rua São Geraldo. Está paralela ao nascente com a Rua São Bento, e ao poente com a Rua monsenhor Esmeraldo.

Ela era, e é, uma rua formada por tão somente um quarteirão com uns 200 metros de comprimento. E de largura uns 2 metros, afora a calçada. Lembro-me que não passavam carros lado a lado. A menos que um dos veículos subisse à calçada. Os moradores que tinham automóveis estacionavam sobre a calçada à noite para dar passagem aos outros.

As casas eram baixinhas e quase todas iguais na arquitetura. Claro que as cores eram variadas e isso fazia diferença. Nós moramos nesta rua algum tempo.

Não tinha nem esgoto nem era pavimentada. Os esgotos ficavam a céu aberto. Aproveitávamos a falta de pavimento para jogar futebol, bila ou bola de gude, carrapeta, e todas aquelas brincadeiras próprias de nossa idade.

Preciso dizer que no jogo de bila meu primo Zé de França era campeão. Nunca perdia. Este também era um exímio jogador de carrapeta. Tinha sempre um dinheirinho para nos emprestar. Era o George Soros de nosso tempo. Tínhamos que reembolsá-lo direitinho. Se atrasássemos, perderíamos o crédito.

Aqui preciso registrar nomes de parentes e amigos que o tempo nos separou. Primos como Zé de França, Antônio de Loura. Amigos como Cícero Catita, Zé Fulé, Donizete. Pedro, Chico, Neto e Carlinhos de Dona Diva, e outros.

A Rua estreita deixou marcas indeléveis em mim. Tenho grandes e memoráveis recordações de fatos que ocorreram nesta pequena artéria.

Arimatéia Macêdo – www.arimateia.com