BAGUNÇA INCOMPETENTE ( É preciso aprender aprender)
A irreverência e a incompetência são dois conceitos bem compatíveis! Refiro-me ao tipo de comportamento que muitos alunos da rede pública adotam. O pior é que os professores, quando no papel de aluno, fazem o mesmo. Mas, o que isso poderia significar para nós professores? A falta do saber aprender dos alunos tornou repentinamente o seu caráter impróprio para ser contemplado em sala de aula. Ou há um significado mais profundo nesses comportamentos perturbadores que eu não consigo ver?
Você sabe o que é sentir-se desprovido do conhecimento que lhe é exigido na presença de terceiros? Já desejou poder esconder todos os medos e decepções, todos os malogros e louquice do passado e também as incompetências do presente, que certamente o perturbariam se outros os descobrissem? Nenhum de nós gosta de ter a vida revelada e fragilizada à vista e à apreciação dos outros. É como diz apropriadamente minha professora de produção textual James Deam Amaral Freitas, do curso Pró-funcionário, que as pessoas não gostam de escrever porque se expõem. Talvez seja por isso que meus alunos me pedem para não ler seus textos, apenas dar a nota.
E assim, eles adotam um comportamento que possa desviar a atenção das pessoas para outro ponto que não sejam as suas debilidades. Tenho um aluno surdo e que usa aparelho para melhorar a sua audição, é o que mais faz barulho na sala, os mais esdrúxulos, para ser notado como normal, assim como se tivesse pedindo para comunicarmos a ele, pois está nos escutando um pouco agora. Assim, também, aquela jovem que não tira o aparelho celular, recém comprado, dos ouvidos. Almeja a atenção dos rapazes porque intimamente está medrosa de que não seja notada, não amada, não solicitada. A exibição do aparelho novo torna sua tentativa para esconder a dor, para cobrir a solidão. E ai de quem tentar impedi-la, leva porrada, como aconteceu com a professora de ciências Caroline Kalinca Rabelo, da Escola Estadual Maria Ilidya Resende de Andrade, no bairro Furtado de Menezes, Juiz de Fora, zona da mata, MG. Apanhou na cara!
http://www.otempo.com.br/supernoticia/noticias/?IdNoticia=28374 (19/12/2012).
Existe o menino que exagera no uso das gírias, esperando deste modo tornar suas palavras mais poderosas, e mais atordoantes o seu impacto sobre outros. Contudo, ele não vê que está disfarçando miseravelmente seu desnudo medo de ser considerado como de baixo valor!
Na vida, temos mil formas de esconder nossas fraquezas, e o modo do professor se esbaldar em fichas e relatórios inúteis. Cada um prometendo cobrir suas vergonhas, alguns expostos traços negativos que estão arraigados em nossa separação dos nossos ideais; como disse a professora Lourdinha, especialista em filosofia da arte:
— As máscaras existem e de máscara, todo mundo fica igual!
Todas as dramatizações bem ensaiada prometem restaurar a autoconfiança imediata dos atores. Mas, nesse caso, todas são impróprias e deselegantes para a vida real. E nos empenhamos com unhas e dentes, tentando impedi-las de dar às escondidas.
Eu compreendo a posição daqueles meus muitos alunos irreverentes, egoístas, orgulhosos, zombadores, desobedientes, ingratos, mentirosos, desordeiros, rudes, cruéis, escarnecedores, traidores, irascíveis, fanfarrões, estas são as qualidades do Satanás, para preencher as lacunas da falta de ideais na vida. Recentemente surpreendi meu aluno D..., representante de sala, com o gravador de voz do aparelho celular ligado para me denunciar, sobre sei lá o que, no conselho de classe, parecendo minha vizinha, a qual bastado ouvir o chiado dos meu passos nas folhas secas do quintal, ela sobe imediatamente no muro empunhando um celular para me filmar. Talvez porque eu já fui professor dela! Esse também é um subterfúgio para intimidar. Eles estão escandalizados com a sua própria pobreza, mas não confiam em seus educadores, então não há mais saída. O que na verdade eles precisam é aprender aprender.