TUDO causa câncer! Inclusive amar...

I belive!

E olhe que ao som de Steve Wonder é fácil acreditar em finais felizes e tudo mais...sobretudo se o seu MP3 tiver fones de ouvido corta-som exterior.

(O Rex tá aqui se balançando...kkkk...esse dinossauro!)

O som bom dos anos 80...piegas, meloso, soft rock...as discotecas, as luzes cegantes, as coisas que se passaram, os amassos, os sorrisos no escuro, o tempo mágico onde eu ainda não havia aprendido a sorrir com as unhas e a coisa que mais me abalava era perder a apresentação do Sting.

Ai, a nostalgia que a gente sentia e nem sabia porque! As paixões avassaladoras que não duravam mais do que a festa, os biletes e recados dados ao vivo e com emoção...nada de mensagens de celular e msn...era tudo ao vivo, ali mesmo, na hora em que o destino se apresentava, que em geral era depois da novela. Não havia fake, não havia ciber, nem virtual. Era tudo real, a gente vivia aquilo mesmo...a música ruim, o pular muros de madrugada para fugir da vigilância, a mal comportada turma do beco.

Não tinha tribo que ninguém era índio, a gente nem sabia onde era o Xingú, a não ser por umas ilustrações dos livros de geografia e história que a gente olhava de relance porque os professores eram bem mais competentes e prendiam a atenção da gente (pelo menos os meus).

A gente queria compromisso, a gente queria sair da casa dos pais, a gente queria a novidade, a gente não tinha medo.

Puta que pariu! A gente não tinha medo de pôrra nenhuma! (a não ser de perder a festa, de perder o ônibus, de perder a mesada).

Éramos pessoas querendo ser. Éramos pessoas querendo entender. Éramos jovens demais pra saber.

Hoje somos semi-velhos, já nascemos (nós a humanidade) assim. Vivemos presos dentro de nossas grades, ouvindo pagode de terceira e sertanejo de quinta, comendo churrasco na lage, correndo do tiro, transformando nossos filhos em eternas crianças, choronas e tolas, incapazes de se desligar de nós, incapazes de contatos outros que não sejam primeiro tão vasculhados, sondados e "arrumados" virtualmente que um contato vis-á-vis faz um medo triste.

Pobre dos nossos filhos que tem medo de engordar, medo de fumar, medo de viver. Fumávamos! Hollywood nos ensinou que fumar era lindo e muito chique e nem sabíamos que existia câncer...também, hoje em dia, TUDO causa câncer! Inclusive amar, inclusive beber, inclusive comer e sobretudo, ler, pensar, criticar.

E como se houvesse uma praga: Você vai morrer! Se fumar, se beber, se engordar, se se sentar, se respirar, se pensar!

Alôôô! Todo mundo vai morrer mesmo, ninguém informou? A gente só vive o tempo da amizade, da satisfação e da companhia. Fora isso, a gente só morre mesmo de morte...ninguém que me conste, morreu de vida...a doença é só a desculpa, o acidente é só a desculpa. Todo mundo vai morrer mesmo, pronto acabou-se, não tem bonzinho. O Rex é exceção, mas ele é um dinossauro e vive na minha cabeça. Nós todos, os humanos, os demais, partiremos, sem flor, nem vela e nem fita amarela, é adeus, acabou-se.

Mas, enquanto se está vivo, vivamos!

Onde fomos parar? O que fizemos? Por que estamos assim tão descontrolados e tão ridículos? Por que razão achamos que o "bico de pato" que o botox é bonito? Por que desgraça acreditamos que podemos iludir o tempo fazendo plásticas?

Povo de 1960, 61,62, 63, 64 e 65...onde estão vocês? Vocês que não eram de nenhuma tribo? Vocês que ouviam Metallica e que dançavam Dancing Days?

Meninos, onde estão vocês?

(Tadeu Castro, meu mais amado e feroz crítico acha essa crônica uma apologia ao fumo e diz que eu presto um desserviço aos meninos, que não devem fumar. Ele está certo, meninos, não fumem, mas também não esperem viver para sempre!)

ProfessoraNadia
Enviado por ProfessoraNadia em 13/06/2009
Reeditado em 24/08/2012
Código do texto: T1646405
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