No Picadeiro da Vida
Tarde fria.
Meu pensamento divaga entre palavras e poucas ações, a não ser digitar aqui no computador esse texto. Escrever sobre o que? Amores? Paixões? Corações partidos? Não sei. Talvez escrever sobre o que eu sinto agora, exatamente agora, e o que tem sido de mim há dias...
Olho pela janela, e enxergo tudo, e ao mesmo tempo o nada.
Ouço no player músicas que embalam meus sonhos passados, como se fossem uma ponte para épocas lindas. Ouso levantar-me da mesa e olhar o céu, nuvens foram bichinhos e fico relembrando, rebuscando em mim algo que explique o não amar de alguém tão repentino.
Até ontem eu escutei bem que era amada. Hoje já não se sabe, e o amanhã é uma dúvida. Mordo meus lábios.
Busco em outras bocas, a boca que realmente eu queria.
Em outros braços, o afago doce, que não terei mais.
Meu coração bate descompassado, e vejo que a vida é na verdade um verdadeiro circo, onde estamos sempre no centro do picadeiro. Sendo palhaços da vida. Trapezistas sem treino.
Domadores de feras sem jeito. Amamos e quase nunca somos correspondidos.
E choramos um amor que se foi, que acabou. Duvidamos naquele instante que fomos amados. No fundo sempre temos a sensação que amamos mais que o outro e pronto.
O mais triste é a partida, sempre desajeitada, e dolorida.
O outro parece nem ligar, mas, a gente é arrastado dali em cacos, centenas deles, apanhados com pá e vassoura.
Jogados fora como se fôssemos um lixo qualquer, que não serve mais.
Como a roupa que saiu de moda, e hoje é estranha.
Juramos esquecer. Juramos nunca mais amar. Se permitir dilacerar tanto. Mas no fim, ainda amamos. Será que amar, é um bom caminho? Lágrimas escorrem em meu rosto...e o resto... Pra que saber? Não precisa mais.