O Dia em Que o Sol Não Nasceu

Alvorada, hoje, não deu suas boas vindas. Estranho isto, já que na hora habitual, acordei. Nenhum raio de luz atravessa as frinchas da parede, talvez por que tenham as encoberto com o frio e nacarado cal.

A porta do meu quarto está entreaberta, nada além dela consigo ver. Levo as mãos aos olhos e os esfrego, como se com este ato tudo novamente eu pudesse ver, mas em nada resultou. Não adianta eu me prender as soluções atávicas, ou esdrúxulas. Fui tateando a parede em busca da entrada do meu banheiro, após poucos passos consegui chegar, um grande feito para mim, que até mesmo vendo, sempre me perco e nada encontro.

Lavei por muito tempo o rosto, logo a frente está meu espelho, mas estranhamente nada vejo, somente um negror intenso. Começo a chorar, me desesperando com minha cegueira. Corro até a janela na sala, torpeçando em tudo. Asbarrei na quina ponteaguda da mesa vitrea da sala, causando em minha pele violácea mancha da qual fino fliete rubro pude sentir escorrendo. Ignorei aquilo e finalmente cheguei a janela. Abri-a, não consegui ver praticamente nada, somente silhuetas disformes na osfalto correndo e outras pessoas olhando para o sol segurando algo nas mãos.

Não dei bola para o que eles faziam, embora que o olhar pasmo deles havia me chamado atenção. Corro de uma lado ao outroda sala, escuto um vaso explodindo contra o chão, furo meus pés com seus fragmentos, esbarro em uma das paredes, dou um grito de desespero e de dor.

Uma idéia surgio em minha mente, liguei a TV onde ouvi "todos estão olhando o mais longo eclipse solar de todos os tempos."