MIL CRÔNICAS (Uma resposta às más intensões)
Claudeci Ferreira de Andrade
Quero produzir mil crônicas da vida escolar, abordando os mil erros mais ponderosos das escolas públicas em que milito. Portanto, não terei nenhuma montanha para transportar, pois os trato sempre como eventos educativos. As minhas maiores difuculdades são os comentários mal intencionados de colegas com sofrível leitura. Chamaram-me de louco e de aético, sim, em certo sentido parece ser uma loucura, mas, através dos anos, tenho um desígnio em tudo isso: iluminar a educação!
Consigo recordar alguns comentários equivocados, de algumas colegas com função pedagógica, que ouvi, quando escrevi os textos: “Cabeça Fraca” e "Nas Tetas da Vaquinha" que permaneceram em minha memória desde então. Se acaso, eu incorresse na grande desdita de resolver ser feliz, teria de fazer uma tentativa para esquecê-los. Isto seria uma tarefa gigantesca. Lembro-me na íntegra de um outro comentário que ouvi numa reunião da EJA municipal, de uma professora de Língua Portuguesa, que dizia:
— Tem um professor em Senador Canedo metido a escritor, mas que em seu livro tem muitos erros ortográficos e agora quer nos orientar!
Baseava-se em poucos textos de meu primeiro livro: “Confissão de Um Anjo I” que realmente tinha alguns erros gráficos, mas sua fala mal entonada salientava mesmo era os tais aspectos da sua falta de respeito a minha pessoa. Recordo ainda os pontos principais de seu discurso. Como meu coração ficou sensibilizado e comovido! Meus textos têm tantos pontos dignos de valor para um professor de Língua Portuguesa trabalhar com os alunos, inclusive os erros ortográficos, que senti grande necessidade que tivesse sido ela quem escrevesse assim para que, pelo menos, eu pudesse conhecer sua produção. Eu a respondi, não no mesmo nível, mas respeitando a razão e o bom senso com a crônica: “Professor Cadê o Seu Texto?”.
Lembro-me de uma publicação do Professor Jânio Donizete, no Jornal Gazeta do Entorno, que questionava a postura de imposição religiosa em meu texto: “Lentes de Aluno” e a reação posterior de minha aluna Michelly Martins, também publicada (Gazeta, nº100), que o chamou de incompetente para ler e entender. As palavras-chave desse parágrafo são as seguintes: fiz a briga e saí de perto.
Li de um homem entrevistado no hospital. Esse indivíduo era um fumante inveterado. Disse ele:
"— Qualquer covarde pode deixar de fumar, mas é preciso ser um verdadeiro herói para morrer de câncer do pulmão!"
Há algo de errado em sua lógica. Naturalmente, ele estava sendo jocoso. Todavia, ao acender um cigarro, teria de transpor a enorme montanha da razão e do bom senso. Sem jocosidade nenhuma, eu seria covarde demais em parar de escrever antes de completar as minhas mil crônicas por causa de críticas maldosas de quem não se utiliza da razão e do bom senso.
A sensatez é uma proteção indicada por Deus para dificultar ao máximo o fracasso de alguém.