O show continuou

O Elevado Paulo de Frontin desabou...

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos.
A lua, tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco
Louco, o bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil, meu Brasil

As muitas brasílias do nosso país não tinham ainda o monopólio dos bordéis e havia um certo ar de romantismo e revolta no ar, quando ainda havia algum. Muitos Carlitos “bêbados” em seu mutismo eloquente gritavam como podiam...

Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete
Chora a nossa pátria mãe gentil
Choram marias e clarisses no solo do Brasil

O fradinho Henfil também gritava no Pasquim e o seu irmão Betinho pode finalmente voltar para ser o que todo mundo sabe o que...

Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente
A esperança dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
tem que continuar.

Elis cantou João Bosco e Aldir Blanc o quanto pode, por muito pouco tempo.

E o show?  

Continuou com outros artistas, como se nada tivesse acontecido. É sempre assim e não só no palco...
Nilsson
Enviado por Nilsson em 11/06/2009
Reeditado em 25/03/2011
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