Meu velho pai
“Meu Velho pai”
Mª Gomes de Almeida
Sou uma amante fiel da leitura e apesar de todo o aparato e avanço tecnológico, para mim nada substitui um livro, o ato de folea-lo. E o cheiro do livro novo é claro. Insubstituível. Isso não significa que não goste dos velhos.
O amor que tenho pela leitura hoje, sei que foi despertado com muita sabedoria pelo meu pai. Quando éramos crianças ele nos reunia (eu, meus irmãos e minha mãe que era semi-analfabeta) para ler para nós e os textos variavam de Cordel às Sagradas Escrituras. E segundo o relato de minha mãe logo que eles se casaram ele lia para ela. Que lindo não? E como eu me orgulho dele por isso!
Mesmo quando esse ritual de reunir a família para o momento da leitura não era possível, me marcou muito vê-lo horas a fio debruçado sobre a Bíblia Sagrada e outros textos que tinha acesso. Na época morávamos na roça.
Que fantástica recordação ele me deixou!
Lembro-me que pouco antes de sua morte meu irmão, diretor do Detram na época ia muitas vezes a Belém e ele recomendava: “_Traga uns jornais para mim.” Tiveram viagens que vinha até quinze jornais, relativos aos quinze dias que meu irmão lá passara, e acreditem ele lia todos um por um não se importando se eram vencidos ou não. Lia pelo simples prazer de ler, de amar a leitura. Lia-os nos mínimos detalhes e depois nos relatava o que lera.
Hoje já é mais necessário alguém ler para mim, aliás eu já não mais gosto disso, eu e que quero sentir o livro em minhas mãos, não tem mais graça. E ele me fez autônoma e me fez professora. Despertou em mim o gosto e o prazer. Quando eu tiver velhinha quem sabe? Posso até precisar de algum que leia para mim porque se tenho uma certeza na vida hoje á a de que vou continuar amando a leitura.
Quanta saudade boa do meu velho pai!