AS FESTAS JUNINAS

Remontam ao tempo de grandes balões coloridos feitos sempre às escondidas, por causa da competição com a vizinhança, costume praticamente erradicado em nossos dias por ser o balão agente provocador de indesejáveis incêndios.

A fogueira devia arder diante de cada porta, todo mundo vestia roupa nova para a noite festiva, e o cheiro característico e inesquecível de comida de milho escapulia pelas janelas das cozinhas onde, no passado, criança estava proibida de entrar, senão para raspar os tachos de canjica, pouco antes da festança começar.

À noite espoucavam os foguetes no ar enquanto incendiavam-se chumaços de querosene dentro de balões levados para bem longe, rumo às estrelas entre os gritos excitados e as cantigas de alegre assistência.

Ninguém atentava para o perigo; mal eles caíam, mais distantes do que se imaginara, corria-se em busca das sobras. Os cabos de vassoura eram disputados por causa de fogos de “rodinhas” que as crianças giravam depois de acesas, além de queimar estrelinhas, diabinhos e outros fogos multicores.

De repente as canções, as risadas, o alvoroço dominava a rua inteira, misturados ao ruído monótono das rodas de um carro de boi todo paramentado com bandeiras e pequenos balões coloridos. Seguia rumo ao local onde se dançaria a quadrilha trazendo os rapazes e moças vestidos a caráter com roupas de matuto (ou caipira) onde predominavam babados de renda, chitão, laços de fita, chapéus de palha e calças remendadas com retalhos de cores berrantes. A festa sempre animada pelo sanfoneiro, o triângulo e a zabumba.

Terminada a noite ruidosa, os olhos lacrimejantes, doloridos pela fumaceira fechavam-se com mais facilidade ao som de canções juninas vindas de muito longe: “...Acordai, acordai, meu São João...”

É no Nordeste que ainda acontecem as mais belas e tradicionais festas juninas que não existem em lugar algum desse vasto mundo.

MCC Pazzola