POR QUE LAMENTAR NO PONTO? ( Dói a Carimbação mais que a falta do salário)

Claudeci Ferreira de Andrade

Na escola em que trabalho, o Livro de Ponto é um caderno simples sem nenhum carimbo de reconhecimento de firma, mas tem, sim, o carimbo de “não compareceu”. Está sempre bem visível à mesa, “gordo” como é, entulhado de anexos grampeados, são muitos atestados médicos e declarações infindáveis até relatórios íntimos!

Você se sente mal quando seu ponto é contado? E quando não é seu dia de trabalho naquela unidade escolar, mas no lugar da sua assinatura está carimbado um "Não Compareceu"? Quando não, está escrito: "Folga". Estaria certo se você realmente fosse “Folgado”! Até que isso é suportável, porém quando você trabalhou duro e recebe um "Não Compareceu", aí o “bicho pega”! Entretanto, tenho colegas imunes, faltam o quanto queiram e não receberam nenhum carimbadinha ainda! Que situação, se o professor tem duas aulas no período e não compareceu, cortam-lhe o ponto, normal, mas se trabalhou a primeira, assinou o ponto e foi embora sem ministrar a outra, qual o procedimento? Se a escola está sem água, todos foram embora sem trabalhar, quem justifica o ponto de quem? Se um advogado precisar verificar a frequência de um funcionário da escola de seis anos atrás, a escola terá esse “documento” guardado?

Estas perguntas são muito mais do que simples minúncias da educação; tocam nas mais profundas motivações do coração. Se o seu incentivo para evitar faltas no trabalho é tal que você não se prestigia diante da profissão, sua motivação básica é egoísta. Se, por outro lado, sua razão para evitar faltas no trabalho origina-se de uma consideração intensamente alta pela educação dos seus alunos, sua motivação básica é altruísta.

Quando chegamos diretamente ao ponto, a motivação faz toda a diferença. Teremos uma boa frequência quando o fogo que arde por trás dos nossos olhos é a dedicação altruísta. Só podemos ser verdadeiramente assíduos quando amamos o que fazemos. Mas, o egoísmo não pode produzir altruísmo. Quando temos um motivo egoísta para desejarmos ser altruísta, isto simplesmente não funciona.

Um bom funcionário sabe o porquê, por este motivo alimenta razões totalmente altruístas para querer ser melhor ainda. Digo aos nossos coordenadores que mais do que quaisquer preocupações com nós mesmos, tornemo-nos zelosos da boa reputação do nosso colega. Sabemos que outros estarão fazendo decisões eternas em relação a si mesmos, muitas vezes, baseados no que contemplam em nossa prática. Um bom líder não usa a influência da rejeição emocional a fim de ordenar a vida de alguém de seu grupo, porque isto somente aprofundaria a “lambança” que principalmente o leva ao gazeamento.