PLANOS
Desaprendo tudo que poderia ser chamado de útil.Tiro férias de mim, deixo para trás as perguntas sobre quem sou ou em quem estou me transformando. É preciso rebeldia para diminuir a distância entre a pessoa que fui e que não conheço mais...e nem sei por onde anda...Decido que não vou desperdiçar minha vida matando todos os meus sonhos!!! Mas quais eram mesmo?!?! Descubro que me perdi de mim. Planos pra quê, se tudo sai sempre diferente? Eu me lembro que só queria ser feliz... Não sei bem como seria, passei por cima dos detalhes!..
Agora não importam os sonhos mofados, é preciso aprender a ser feliz no aqui e agora, buscar sentidos, ampliar a visão, recriar os sonhos... Ir deixando as cascas...bem devagar, pois afinal porque fazer isto de maneira simples se a gente pode complicar?!?! Tempo de enxergar maior, resgatar a ligação primordial. Nada mais de usina de criar sonhos, mas de fabricar realidade. Parece perfeito!!!
Mas estou virada de ponta-cabeça; se meu coração aperta, eu sorrio. Nada corresponde a nada, já me escondo até de mim. Como aceitar o giro da roda que mostra que mais substituições terão que ser feitas, embora eu não queira... Gente querida...Eu mesma mudando mudando... A inconstância da vida, das pessoas, das circunstâncias... Agora serão novas ilusões... novos encantos e... mais dores.
Na vibração que une os seres, há uma sintonia que podemos manobrar, acertando as velas com o vento. Mas os tempos...Ah, esses não. É conforme a roda gira! E o destino está escrevendo em uma língua que eu não posso ler!!! Não quero sim ou não, me interessa o porquê!
Já quis ir ver minha casa da infância. Está lá, só não é minha: Nunca mais serei pequena e tomarei banho na torneira do jardim... Já houve tempo em que minha meta era alcançar o armário mais alto... Tudo o que eu cresci depois disso doeu aquela dor de crescimento.
Esta convicção de que nada nos pertence e de que tudo é fugidio me joga no nada. E não é no Nirvana, é no escuro, na noite negra. Seguir tateando, ficar parada... ...Quero ouvir aquela voz que eu sufoquei, que falava dentro de mim... Hoje ela fala de fora, e já não sei em que idioma!