GENTE ENROLADA

GENTE ENROLADA

Fala, aí, Zé Barbante!

O que foi, Novelo?

Como tem gente enrolada!

Juro que não vou falar de rolos de membros do governo e do PT.

Nem de namoros de artistas e adolescentes.

Às vezes penso que o relacionamento humano é algo parecido com aquela brincadeira do telefone sem fio em que se cochichava uma palavra e os outros iam distribuindo a corrente. Não raro começava-se Araraquara ou Jabaquara e terminava Piracicaba ou Ajuricaba (o que é isso?), isso quando algum engraçadinho não mudava a palavra, propositadamente.

É precisar ou ter que decidir qualquer coisa e pronto...

Está formado o rolo...

Certa feita participava da montagem de uma peça teatral, e alguém indagou como seria feita a abertura de cortinas que estavam meio que totalmente defeituosas.

Uns três dias de discussão até que sugeri que arrancássemos as cortinas.

Coloquei o ovo em pé!

Os ensaios prosseguiram tranquilamente e a apresentação foi um sucesso.

Na semana passada situação semelhante veio à tona.

O pedreiro gastava seus dois neurônios.

Promovia uma guerra letal entre o Tico e o Teco para resolver como consertar o trilho de uma porta que estava emperrada.

Não resisti!

Tem alguma idéia, Alemão?

Não gosto de apelidos, mas se eu o chamasse pelo nome, acho que complicaria a situação.

Wallyson! Ou Valisson.

Estava pensando! Se desmontarmos a porta, podemos ver se as dobradiças estão ajustadas. Se não for isso, a gente limpa os trilhos ou vê se a base não está encharcada.

Gente enrolada adora tentativa e erro.

E se não der certo, Alemão?

O senhor chama um carpinteiro.

Entre a perda da paciência e a vontade de rir, sugeri:

E se tirarmos só o trilho e as rodinhas da porta?

Ah! Aí, não enrosca mais.

A porta está abrindo e fechando como nunca.

Para não dizer que estou tratando de gente sem escolaridade, já tiveram que preencher formulário, requerimento ou assemelhado em repartição pública?

A gente nunca consegue, não é mesmo?

Sempre que colocamos o ano do nascimento com quatro algarismos era com dois e o contrário é óbvio.

A caneta deles nunca está ao alcance e quando a acham está sem tinta que foi procurar o carimbo, símbolo de sua existência.

Desisti de facilitar o troco.

Se não for exatamente o valor que está na tela do terminal, o caixa se enrola todo.

No metrô estava escrito: Troco máximo R$ 20,00. Já foi R$ 50,00, mas acho que ou cansaram de depilar a efígie ou a onça do verso reclamou de cócegas de tanto que raspavam as notas em busca de falsificações.

Perguntei se comprando mais de R$ 20,00 em bilhetes davam troco para R$ 50,00.

Ele ficou me encarando como se eu estivesse abraçado com um ET.

Também tenho meus surtos de enrolar.

Desde pequeno, quando minha mãe pedia para ajudar a enrolar lã.

Depois enrolar linha de pipa.

Enrolar namoradas, professores.

E agora fico enrolando os leitores.

Nesta altura do campeonato, estivesse enrolado num cobertor, não estaria com esta enrolação.

Concordam ou não que há muita gente enrolada neste braziu.

E nem falei dos dialetos que ficam para uma próxima.

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 09/06/2009
Código do texto: T1639569
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