SITUAÇÕES RECORRENTES
Situações recorrentes... quem disse que isso não acontece? Não estou falando da sensação de deja vu, essa é uma sensação mais curta do que a de estar passando por uma situação que não parece em nada ser nova! Pois, pra mim está sendo fácil diferenciar, estou bem no meio duma situação recorrente, pela qual já passei antes, não faz muitos anos.
O que acontece que me apaixono por alguém que, invariavelmente, despreza meus sentimentos? E que nega desprezar-me, nega que não me leve a sério!
Anos atrás, conheci e me apaixonei por alguém... me entreguei de corpo e alma, coisa que, segundo dizem “estudiosas”, homem não faz, e gostaria sinceramente de confirmar tal tese. Me machucaria muito menos, tenho plena consciência disso! Pois bem, me entreguei de tal forma a esse amor, a essa paixão, que fui atrás, e acreditei piamente quando ela me disse que “seria capaz de entregar-se totalmente a nossa relação”. Ela estava sendo sincera...? Não sei, mas hoje tenho a nítida impressão de que ela não foi muito honesta comigo. Decidiu-se, primeiro, que nossa relação não teria dado certo, sem o menor esforço, sem dar sequer uma chance para que viesse a dar certo, depois que nossa relação não fora sequer uma relação, um namoro! Parece brincadeira...? Parece, mas não, é a mais pura realidade! Pouco mais de dois anos de dedicação a esse relacionamento e a essa paixão, ao menos de minha parte, foram descartados e renegados sem um pingo de remorso!
Ainda veio me dizer que a “minha amizade” lhe seria muito importante... e novamente acreditei, sem questionar! E mais uma vez, não estava sendo totalmente honesta comigo, pois assim como ela falhou como namorada, e até renegou meus sentimentos e nosso namoro, ela cometeu os mesmos erros quanto a nossa “amizade”... sim, chegou a renegar até o sentimento de amizade que poderia ter por ela, ou seja, aquela amizade que dissera ser tão importante resolveu considerar até dispensável!
Ouvi todo tipo de barbaridades, durante esse período, o amor que um dia alimentei por essa pessoa tornou-se ódio. Chegou a me dizer que poderia “um dia” se arrepender por não ter me levado a sério, nem ao amor que lhe devotei, mas que “não voltaria atrás”. Ao que respondi, profeticamente que: “esse dia chegaria antes do que ela esperava, ela iria realmente se arrepender”... e mais: que ela iria querer voltar atrás, que iria querer que eu continuasse a amá-la, para que viéssemos a namorar novamente – pela primeira vez, segundo ela – mas que nesse dia, EU haveria de não querer mais nem sua amizade!
Por que profeticamente? Ora, porque assim se deu, ela se arrependeu amargamente do pouco caso que fez, e quis realmente voltar atrás, mas aí eu não me interessava mais nem por seu amor, nem por sua amizade! Hoje, tanto me dá se ela estiver namorando, casada, ou ficando pra titia, tanto faz se está feliz ou infeliz... simplesmente não me interessa mais, não me importo mais! Ela queria, já me provou uma ou duas vezes, que fosse diferente, mas não dá mais, gastei muitas lágrimas, muito amor e nada disso foi valorizado... que me importa se agora ela quiser ser honesta?
Mas por que, então, estou vivendo uma situação recorrente...? Porque, simplesmente, mudou o alvo de minha paixão, mas com esta estou passando por tudo que passei antes! As palavras mudaram, as expressões são um pouco rebuscadas, por ela ser aluna de direito, mesmo assim, meu amor é renegado, minha possível amizade só é uma “benção” quando necessária... ela “sofre” por “não poder” corresponder meus sentimentos. Já me perguntei muitas vezes, e se ainda estivesse próximo, será que ela corresponderia? Ora, estando novamente só, eu ali perto, o que lhe impediria, será que não poderia ainda? Cada vez mais me convenço de que ainda ela “não poderia”, mesmo que morássemos no mesmo prédio, por ela não querer isso, pura e simplesmente! Então por que não dizer logo? Ora, mas é muito importante que eu faça parte de sua vida, foi o que me disse! Sou “adorado” por ela ainda, e isso acaso não soa igual a “tua amizade é muito importante pra mim”? Pra mim é a mesma mentira sendo repetida! Se me adora tanto, o que faz com que despreze tanto meus sentimentos, ou então deteste tanto quando os manifesto, como se eu não pudesse estar sendo honesto, ou pior, como se desejasse que eu não estivesse sendo honesto??
Agora, ela “não sabe” o que me dizer, continua “adorando”, mas “não pode me falar tudo”... e me deixa falando sozinho, não responde nem ao trivial! Continua me adorando, continua querendo que me preocupe com ela, com seu bem, mas meus sentimentos são execráveis para ela, considera-os maus, principalmente, por não serem devotados por outra pessoa!
Ora, tenho sim me irritado com tal situação, eu sou obrigado a me controlar, eu não posso dizer o que realmente sinto, enquanto que outros podem mentir sentir o que sinto... nem o trivial pode ser-me dito, que dirá “tudo”! Não consigo entender, não vejo sentido em dizer-me uma coisa e agir como se sentisse outra! Tenho tido a impressão muito forte de que ela não fala porque não quer – e ainda assim prefere mentir que não sabe o que falar – e que se não sou odiado por amá-la, meu sentimento que é odiado, pois não vem do lado que ela gostaria!
Desta vez ainda estou suportando, “sobrevivendo” a seu desprezo e isolamento, mas embora, por amá-la, e querer, de alguma forma agradá-la, minha auto-estima sofra baixas quase irreparáveis, por sentir como se a estivesse desagradando, começo a me incomodar, pois se não tem motivo para silenciar, por que negar-se a falar comigo? Se entende tão bem o que senti quando forçou a barra pela milionésima vez, para que eu não “abusasse” de sua “boa vontade” para comigo – o que todo mundo pode, menos eu, isso também é recorrente em minha vida – com um canalha compreensivo, como eu “jamais serei” (parece me dizer), a quem diz amar verdadeiramente, porém enganando-se que não sei que seu sentimento não é correspondido por ele, por que me isolar e silenciar quando falo com ela?
Por ainda gostar dela, dou inúmeras chances de voltar a falar comigo, mas se ela insistir que “não sabe” o que dizer-me, temo seriamente que, quando “souber”, e quiser dizer-me qualquer coisa, não estarei mais interessado, tanto me dará se ela estiver bem e satisfeita, ou triste e infeliz; se estiver sozinha e mesmo assim alegre, ou se estiver casada com alguém e profundamente arrependida por isso... corre-se o risco de eu não me importar mais, mas porque isso já aconteceu antes, é uma situação recorrente em minha vida! Amo alguém que não dá a menor importância a meus sentimentos, acabo sendo magoado por esse alguém, que, cedo ou tarde, vê que “não sou tão mau assim”, cedo ou tarde arrepende-se de maltratar-me. Só que sempre é tarde que o arrependimento vem, e isso quase sempre é profético, quando eu não estiver mais disposto a ouvir, quando não me interessar mais se continuará silenciando ou se virá a me responder, é que ela saberá o que me dizer!
Semana passada estava sentindo-me triste por mim, por amar e não ser correspondido, por ter o que dizer, mas ela não dispor-se a me ouvir e ainda “não saber o que me dizer”... hoje, mesmo frio e solitário, tão próximo do dia dos namorados, fico muito triste por ela... que um dia me pareceu diferente, e hoje vejo cometer os mesmos erros que outras cometeram... neste momento, me entristeço por tentar tudo ao meu alcance e ainda assim ela continuar errando. Mas muito em breve vou ter decidido que, se nada do que sinto fez a menor diferença para ela, e mesmo “me entendendo tão bem”, continua calando-se, não dizendo nem o trivial, nem o que eu gostaria de ouvir, nem dando uma explicação aceitável para seu silêncio... mais tarde não vai fazer a menor diferença pra mim também e ela quererá que faça. E isso, honestamente, me dói muito... por agora!