Biblioteca comunitária e lan house

Em cada esquina desta cidade de João Pessoa tem uma lan house, que são aquelas lojinhas onde a rapaziada pode acessar a internet. É como diz o meu compadre jornalista Dalmo Oliveira, a galera sendo incluída “na tora” no mundo virtual. Inclusão digital mais eficiente que programas governamentais, pois conforme estatísticas do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 48,1% dos internautas de classe D e E acessam a internet em lan house e apenas 6,4% utilizam os centros públicos de acesso gratuito.

Agora vem a estatística infame: apenas um em quatro jovens e adultos brasileiros consegue compreender totalmente as informações contidas em um texto e relacioná-las com outros dados, informa o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL). Então o buraco é mais embaixo. Computador só não resolve o problema da educação nesse país. Com a febre da informática, muita gente está achando que a salvação passa pela equação computador para todo mundo + internet.

Sou dos que acham que mudança social, de mentalidade, passa por biblioteca, livro e leitura. O velho conto, a boa crônica, o romance, a poesia, o livro entrando na alma do sujeito, ele ficando sem vontade de dormir, sentindo aquela coceira no organismo, querendo mais, descobrindo outros mundos. É só começar. Incutir o vício da leitura passa longe das lan house, onde o garoto fica futucando sites, vendo seu Orkut ou Twitter. A coisa mágica acontece quando ele descobre que precisa iniciar sua pequena biblioteca, começa a gostar de ler por algum milagre dos encontros, algum professor diferente, algum projeto social não interrompido.

E é sobre um desses projetos que eu quero falar. Trata-se de um pequeno projeto de biblioteca comunitária que a Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares está iniciando no bairro do (com licença da palavra) Geisel. É uma coisa simples: salinha no Centro Comunitário, algumas estantes com livros doados, um computador que quase não tem memória, apenas uma vaga lembrança, e boa vontade. Já iniciamos a montagem da biblioteca, que deverá se chamar Heriberto Coelho, em homenagem ao maior incentivador da leitura que temos por essas bandas, o dono da Livraria Sebo Cultural, mesmo porque o cara tem nos ajudado bastante, doando cerca de 500 livros para a biblioteca. Pessoas como Maria de Fátima Vieira, gente que tem prazer em realizar alguma coisa pela sua comunidade, estimulam e viabilizam este projeto que, por humilde que seja, é mais uma ferramenta para formar cidadãos numa comunidade tão carente.

Portanto, a biblioteca da Rádio Zumbi será concretizada, porque a gente continua considerando o livro um direito e a leitura um instrumento fundamental para o exercício pleno da cidadania. Quem quiser colaborar, entre em contato pelo endereço eletrônico radiozumbifm@gmail.com

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 07/06/2009
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