O NATAL DE HOJE... (Crônica a destempo)

0 NATAL DE HOJE...

“O melhor da festa é esperar por ela ...” . Este é um provérbio popular que me aproprio neste momento para ilustrar como foi a chegada do Natal de 2008.

Diante da televisão reflito sobre as últimas horas do meu Natal... O relógio acusa 23:35 do dia 25 de dezembro. Isto quer dizer que daqui a vinte e cinco minutos o Natal se despede de nós. Faço então um balanço de todas as tristezas e alegrias surgidas nesta data tão importante para toda a humanidade.

Assisto ao final do show do Rei Roberto Carlos! Depois da abertura com “Emoções” e de nos emocionar com uma música após a outra, ele canta “Mulher Pequena”, música que cai na medida certa para os meus 1,50 m de altura. Compenetrada assisto o Rei cantar ...

Tantos sonhos construídos para a noite passada – Noite de Natal. Os preparativos da Ceia, os presentes, as roupas, a decoração da casa. Tudo tão bem idealizado! Mas que acabou não acontecendo, a começar pela casa, que estava arrumada simplesmente, como no dia-a-dia. Não coloquei nenhum motivo de Natal espalhado pelos móveis, como de costume. Achei-os velhos, ultrapassados, empoeirados. Só animei em comprar os presentes na véspera. Olhava para as lojas cheias e não conseguia entrar nelas...O material da Ceia...Fazer Ceia só para mim? Os meus filhos já haviam combinados com os sogros e amigos, e me convidaram para ir também. Fui então até ao Restaurante

para comprar um galeto ( frango assado). De repente, surge uma briga entre um bêbado e os ocupantes de uma mesa. O bêbado folgado foi terrivelmente espancado pelos três. Tratei de sair de lá correndo com medo da confusão.

O desejo de rever amigos sempre aflora em meu coração, especialmente os que não tenho visto recentemente. Senti falta deles, da mesa posta com os pratos que não pude fazer, e faze-los para quem? Não assisti a nenhuma Cantata na minha Igreja. Não visitei os vizinhos de casa em casa na nossa rua, como fazíamos no tempo passado e tão distante...Não tinha o peru assado sobre a mesa, bem bonita, entre o abacaxi fatiado, as castanhas, nozes e avelãs. Meu toca discos estava silencioso, sem as canções Natalinas, Jingle Bell, Jesus Alegria dos Homens, É Meia Noite, Tudo é Paz, etc... Percebi que em cada detalhe que faltara naquela noite, que meu Natal estava minguando. Que tantos costumes e conceitos ficaram para traz.

Apesar de todo este sentimento de “fracasso” ou de “perda”, sozinha em meu apartamento, me arrumei e saí para visitar meus parentes, para desejar-lhes um Feliz Natal para cada um. Beijei a testa quentinha da minha mãe, acamada em seu leito há mais de cinco anos. Depois visitei minhas filhas e ceiei com minha nora que está separada de meu filho. Comí arroz à “ la grega”, farofa e chester. Depois comi umas rabanadas, com bastante receio da glicose se alterar muito. Em seguida fui para casa para descansar minhas varizes.

Concluí que o prêmio de resgate do meu Natal, o ponto alto, foi assistir ao Show do Rei Roberto Carlos pela Tevê, o mito brasileiro que sabiamente só se apresenta nesta época. Que começa dizendo em palavras as canções “Emoções” sentidas, os amigos que ganhou e resgatou no passado, da sua juventude.

A todo instante pensava ouvir o Erasmo cantar “Essa garota é papo firme” ou a Wanderléia “Esta é uma prova de fogo “. Mas no lugar deles outros se apresentaram como Caetano e a dupla Zezé de Camargo e Luciano.

“Hoje estou tão em paz comigo”. “Não parece que tenho sentido tanto” . Assim me sinto... Ao final “Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aquí ”, canta emocionado o rei.

Às vinte e quatro horas encerra o meu Feliz Natal, sem ver a queridíssima Wanderléia e o Erasmo, com as suas juventudes e seus carismas. Sem a mesa posta com a Ceia, sem as rabanadas, sem as castanhas, as nozes e as avelãs.No canto da mesa o panetone, que não tive vontade de comer, mas agradecida por ter conservado em mim, os meus caros sentimentos tão antigos, poder olhar à minha volta e ver tantos tristes e desalentados de todo bem estar e aceitar o “Natal de Hoje e seus novos conceitos”.

Iraí Verdan.

Iraí Verdan
Enviado por Iraí Verdan em 07/06/2009
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