Muito beijo na boca!

Antigamente, ao completar dezoito ou vinte anos, muitas moças se casavam. Se estivessem na faculdade, paravam com os estudos para cuidar da casa e dos filhos.

Em pouco tempo isso tudo mudou. Na década de setenta, as mulheres não se conformavam mais em largar os estudos, queriam trabalhar. A idade considerada certa para o casamento foi retardada. Com mais liberdade, podia-se viajar em grupos, para um fim-de-semana na praia. Casais mais arrojados até ficavam juntos no mesmo quarto, o que ainda provocava certo escândalo.

Em fins da década de oitenta os namorados – que não fossem tão jovenzinhos - já se aventuravam em pequenas viagens sem a companhia da turma. Autorizadas pelos pais ou disfarçadamente.

No decorrer dos anos noventa, mudanças mais bruscas ocorreram. Os adolescentes traziam amigos para casa e o grupo se reunia no quarto. Até então, nenhum rapaz - que não fosse irmão - entrava em quarto de menina. Agora era natural. Às vezes, depois da uma festa, mocinhas e rapazes dormiam na casa de alguém, amontoados em almofadas e colchões improvisados.

O que mais chocou os pais, porém, foi quando começaram – com ar mais cândido do mundo - a trazer a namorada ou namorado para dormir em casa. Da primeira vez que meu filho fez isto, levei um choque. O mesmo aconteceu com algumas colegas minhas. Porém, como ir contra, se o costume agora era este?

Bem, nesses casos, eles eram “namorados”. Aos poucos passei a ouvir os jovens falar de outro modo. Namorar é coisa mais séria, quando se tem interesse em estar junto sem compromisso, é “ficar”. Do ficar - possível preâmbulo de um namoro – passaram ao “ficar vapt-vupt”. Que acontece nas danceterias, nos shows, em festas. Fica-se naquela noite e pronto. E tudo começa com o “beijo na boca”, como eles dizem, “muito beijo na boca”!