A solidão do estar junto sem ser junto...
Depois de alguns anos juntos, notamos que não somos mais juntos, isso acontece na maioria dos casais. A rotina, o cotidiano, a sucessão desordenado dos dias em contíguo e o excesso desrespeitoso de intimidade vai destruindo tudo. Parece um vendável ou um vento minuano como costumamos chamar, os ventos fortes, aqui em Porto Alegre. O ser junto vai sendo varrido, até que não fique nada... Entretanto, temos o hábito de apaziguar o coração dizendo: isso faz parte dos relacionamentos de longo tempo. Mentimos para a nossa própria vida, nos enganamos aos poucos em doses pequenas para suportar as nossas inverdades, engolimos miúdo para não machucar, às vezes, os seres que vivem ao nosso lado.
Aquietamos os sentimentos diluídos em dores esparsas por
todos os dias do nosso pseudo- relacionamento fixo, estável, duradouro. Inúmeras vezes, fechamos as portas para outros relacionamentos como: novas amizades, damos sorrisos disfarçados, escondemos a mágoa de ver os olhares do outro aos corpos alheios. Do mesmo modo, tentamos dissimular os nossos olhares também aos outros... Assim vamos fazendo um empate de mentiras, inverdades ou não verdades para sobreviver a um relacionamento onde a solidão governa absoluta. O dolorido é que todos ao nosso redor veem que o casal não está mais junto, somente continua na casa, dividido entre cama, sexo, contas, filhos e afazeres. Apazigua-se a ausência de sonhos em conjunto
Entretanto, colocamos panos quentes nos sentimentos, precisamos acreditar que estamos e somos juntos, mesmo que no coração e na alma não reine mais calma, e tudo esteja perdido. Porém, a hipocrisia dirige de forma absoluta as nossas vidas. Então, nós... Muito artificiais, apaziguamos o lado externo do relacionamento, colegas de trabalho, família e amigos( quando existem) não conseguem enxergar nada. Ainda dizem: que belo casal, como são felizes... Talento inato para a dissimulação. Enquanto, internamente nos destruímos em insônia, resfriados, alergias e desculpas mais esfarrapadas que as roupas dos mendigos que percorrem as pontes friorentas de um Porto Alegre invernal. Portanto, percorremos uma solidão de estar junto sem ser junto....
Isa Piedras ( 07/06/2009)