Manifesto contra o Anonimato e a Modéstia

Mais triste que o anonimato é claramente ninguém notar não ser notado e bem... acreditem caras, isso não só é um belo começo de uma crônica como acontece bastante. Tudo bem, também não é mesmo a obrigação de ninguém notar essas imbecilidades, mas o que me chama a atenção é que estes jovens escritores parecem nem mais saber o que dizer, escrever ou sentir “além de um vazio que os consomem” que é até verso clichê. Ora, bolas, graviolas e vitrolas! Clichê não é rima decente de prazer, maldição! Mas, enfim, o que quero realmente dizer é que estes bebuns, que acham que “poetar” é só utilizar o pedantismo da tradição literária shakespeariana, chorarem e lamentarem como o Alvarez de Azevedo ou, ainda, serem como estes fãs assíduos do Bukowski que enchem seus poemas de “paus”, “caralhos”, “bocetas” e "brigas de bar", sentem cada vez menos e escrevem – infelizmente – cada vez mais.

Claro, se há um segredo que devo contar para todos vocês é que estes indivíduos não transam há vários três meses. Sim, é isso mesmo senhores, no mínimo "três" três meses! Nenhum deles realmente trepa ou despe donzelas como falam. Claro, já vos digo que eu não sou nenhum desses, mas confesso que já me encontrei no segundo estágio desta zona de risco quando completou dois três meses e meio que não carcava uma boa srta. da anca larga. Assim, para evitar “atrasos”, se alguma leitora se interessar, sou um tipo bonito, 1,79, 24 anos, cabelos longos, bronzeado e com uma barriga que não chega a incomodar na maioria das posições convencionais. Já lhes digo de antemão que sou a transa mais selvagem de todo o sertão.

Obviamente, elegantes como estes poetas são, nenhum deles reclama este tipo de falta. Claro, diferente destes cachaceiros fanáticos por Bukowski sem o menor bom senso para o uso doméstico de palavrões e que dizem pegar qualquer traste a fim de honrar a classe, estes seres antiquados que insistem em escrever conforme a tradição literária shakespeariana, além dos vários três meses que ficam sem molhar o biscoito de alguém, também tentam nos enganar descrevendo musas quando só pegam os tribufus. Partindo do pensamento do bom e positivista Émile Durkheim, há pesquisas para saber se o fato social acerca da miopia que acomete estes seres deriva do fato do amor ser cego ou da conveniência por não conseguirem comer nenhuma verdadeiramente donzela. Peço desculpas, claro, aos construtivistas por utilizar bom e positivista na mesma sentença.

Já os que escrevem hoje como o jovem Álvares Azedinho tentam nos enganar somente por dizer copularem com alguém que não seja suas enrugadas mãos. Estes batmans, com os seus coturnos, sobretudos, pentagramas e fatidicamente sem robins, que tentam – e, claro, realmente apenas tentam – escrever como o nosso respeitável beberrão Azevedo não costumam passar dos 21 e, por isso, realmente “fazem” pouco ou nada em suas breves e inúteis vidas. Enfim, o nosso amargurado romântico Alvrinho era um cabaço de classe. Um homem nobre e respeitável. Um grande poeta e um exemplo de como tornar arte a maldição da virgindade. Eis a mais penosa tarefa a qual até mesmo Hércules temeria realizar e sucumbiria, sendo o tipo forte, musculoso e de boa família que nos relatam as musas e os pederastas gregos, antes mesmo de seu primeiro trabalho. É uma perversão o que estes pseudos-qualquer-coisa - já que nada mais cult e ofensivo em nossa pós-pós-pós-modernidade do que xingar qualquer outro ser humano, peixe-boi, ou samambaia de pseudo-alguma-coisa – fazem com a obra que sua virgindade nos deixou como legado. Ah, mas, ora, carambolas, marolas e corriolas! Pior ainda são estes que abusam dos paradoxos e aporias poupando ocupar os desocupados. Destes não quero nem mesmo dizer já que eles são do âmbito do indizível que se diz.

Por outro lado, eu, poeta póstumo que serei só posso me indignar. E este, acredito eu, é o ponto crítico que este texto pretende chegar. Ora, ensinaram-me várias coisas em minha infância. A maioria ruim, suja e de baixo calão. Para horrorizar os marxistas, na segunda série uma linda pedagoga a qual eu respeitosamente me referia por "tia" disse-me que um exemplo de sabedoria era comprar balinhas por cinco centavos do seu Zé e vende-las por dez na sala de aula. Para dar lucro aos psicanalistas, lembro-me de outra bela professora na sexta série dizer na sala de aula que a masturbação era pecado e que nós, pobres crianças cheias de espinhas e com pêlos nas mãos, iríamos todos para o inferno sofrer o suplício eterno. O pior, ria de minha desgraça ou não leitores e leitoras, era que aquelas belas garotas – que imaginávamos não evacuar, mas cuja lisa pele dava-nos bons indícios de um ótimo funcionamento intestinal – acreditavam nisso. Para desconcertar os teólogos, falaram-me ainda da existência de um senhor indecente e indiscreto que tudo via e que inclusive não me respeitava nem mesmo na hora de expurgar os meus maus fluídos e demônios para fora. E, claro, para a alegria dos lombrados lombrosianos, dos darwinistas sociais, dos skin heads e da Ku Klux Klan, houvera ainda uma ocasião o qual uma Sra. - que espero eu Deus já a tenha - disse-me, quando inocentemente chamei um certo colega loiro e de olhos azuis por seu ainda mais inocente apelido “banana” (apenas por ser alto e por levar bananas como lanche), que eu tinha inveja de seus olhos claros e seu cabelo loiro e por isso o caluniava e o difamava chamando-o de banana. Oh, my God! E o que as bananas, melancias e peruanas tem a ver com isso, sua velha doida.

Mas sim, leitor, há um “mas” aqui... Isto ainda não foi o pior. A pior de todas as coisas que tentaram ensinar-me nestes “Tempos Sombrios”, todas elas, sim, todas mesmo, inclusive aquelas que não são e, portanto, são e são não-ser, e já que o não-ser é ou não é e é o que já não é coisa alguma, foi que... que... que... oh... Não posso falar tamanha calúnia... Não poderei dormir em paz se outra vez vier a descrever tamanha falácia. Mas sim, pelo amor à escrita e por vocês, meus fieis leitores, falarei ainda que me doa o sono!

Disseram-me que a modéstia, caras... Que a modéstia... Sim, que a modéstia... É uma... uma... uma... virtude! Ahhhhhhh! Sim! Sim! É isto que vocês leram, leitores! É isso mesmo, bons amigos. Uma merda de uma VIRTUDE!

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!

Dói-me o ouvido e o dedo teclar, ouvir e digitar algo tão espirituosamente porco assim! Ora, onde já se viu, conforme nos alertou o sábio e mal-humorado “Schop”, se ter o dever de pedir desculpas pelos próprios talentos?!? Isso é indigno a alguém como eu, ora, solas, molas, frajolas, sacolas e fumos-de-angola! Devo eu, abençoado que sou dizer: “ah... este verso não é tão bom assim” quando sei obviamente, e por isso o escrevo e publico, que SIM, é bom, é realmente bom, é magnificamente bom e, claro, posso dizer em alto e bom TOOOOOOM? Ora, não vou esmolar um qualquer pequeno quase elogio à esse tipo bastardo, miserável e eunuco crítico de arte moderna, que considera uma privada invertida o ápice da arte conceitual, e nem me envergonhar dos meus nobres e de sangue azul talentos. Seria o mesmo que EU dizer que tamanho não é documento quando claramente é e somente os caras legais, compassivos ou de pênis pequeno dizem que não. Entendam isso, colegas! Todas elas, quando chegam perto de um pênis grande, grosso, envernizado, um verdadeiro colosso com asas, dizem: “mas que tamanhão, heim, gostosão!”! Há estudos e provas empíricas disto, conforme nos aponta o setor de ciência e tecnologia de Harvard, os pensadores da Escola dos Annales e o Círculo de Viena. Então paremos com essa hipocrisia pequena, ressentida e recalcada, afinal, quem pouco tem, pouco deve "temer" (o que, sem dúvida, possibilita um anagrama ainda mais apropriado à situação destes infelizes).

Ah, enfim, seus críticos literários indecentes, não sou modesto porque tenho um espelho enorme e gigantesco em casa. Não preciso de elogios. Ver-me já é um ótimo elogio. Sei que sou um tipo bonitão, e com este espelho gigantesco consigo contemplar pelo menos a metade do meu falo. E sim, pago as minhas cervejas e posso me dar ao luxo de ser um poeta póstumo. Teve aquele senhor que disse que tudo é uma cópia da cópia, correto? Não vou dizer o nome dele porque acho que ele copiou de alguém. Só espero que, assim como também falou Zaratrus... Ops! nosso célebre, incompreendido, bigodudo e verdadeiramente filósofo Nietzsche, não me canonizem. Espero ainda menos que lotem a minha sepultura de flores e velas. Também não espero que estes cabeludos venham à meia noite para o cemitério ouvir estas bandas barulhentas - humanamente impossíveis de soletrar nomes, letras, ou notas músicais - perto de minha tumba ou que algum bem intencionado evangélico, com a audição reduzida após anos descarregando estes diabos barulhentos que insistem em possuir os corpos de bêbados, drogados, assassinos e malogrados, venha rezar por lá. Se forem ouvir algo perto de onde eu estiver descansando o descanso eterno por favor que seja algum russo de nome estranho da música erudita alemã. Enfim, meus lindos, cheirosos, queridos, deliciosos, limpinhos e apetitosos fãs, enfiem estas malditas flores e velas em seus respectivos jarros e cuias e não ousem lucrar de minha obra depois que eu disser: “Sócrates... Ops! Éden não está mais aqui”!

Éden
Enviado por Éden em 06/06/2009
Reeditado em 23/11/2010
Código do texto: T1635633