Verdade e Pseudoverdade
Quem tiver a oportunidade de entrar em contato com religiões diversas, mesmo com aquelas que seguem um mesmo mestre, embora divergentes em alguns dogmas, verá que existe um ponto muito polêmico, que eu computo como sendo fundamental e de primeira importância na escala dos conhecimentos eclesiásticos – “A Verdade” – e que está servindo de controvérsias mil, até criando discussões e conflitos, muitas vezes. Ora, em havendo divergências em algum assunto, podemos dizer que ele não retrata algo absoluto, não está condizendo com o ponto focal da coisa, portanto está-se andando por atalhos, que levam cada vez mais longe do caminho original.
Quero, rapidamente, mencionar um simples exemplo que mostra como estamos, há muito tempo, fazendo afirmativas que não passam de pseudoverdades, ou verdades “temporárias” – A Igreja Católica tinha como dogma a afirmação inconteste de que a Terra era o Centro do Universo, porque isso era concorde com os escritos das suas Sagradas Escrituras, até quando surgiu o astrônomo Nicolau Copérnico, que descobriu que a Terra apenas fazia parte de um sistema planetário, onde ela girava ao redor do Sol, que era o centro do sistema, igual a muitos outros bilhões de sistemas espalhados pelo Universo, com outros sóis e planetas. Pois bem, outro cientista chamado Galileu Galilei fez diversas experiências a respeito e, assim, conseguiu comprovar essa teoria. Aconteceu, então, que ele acabou sendo preso pelo Clero (1633), tendo que fazer um desmentido perante a sociedade, sob pena de ser morto como herege, permanecendo encarcerado até o fim de seus dias. Só em 1992 que o Papa Paulo II declarou publicamente ter havido um grande equívoco histórico neste caso – hoje, qualquer estudante do Curso Básico sabe que Copérnico e Galileu estavam certos.
Algumas seitas são reticentes, outras fazem um montão de afirmativas e definições, outras se apegam ao “mistério” intransponível e outras mostram várias verdades ao mesmo tempo; nada disso é incisivo, vejam que estou me referindo à “A Verdade”, que é uma só, absoluta, imutável, infinita e que pode sim ser desvelada a qualquer um de nós, sem rebuscamentos ou rodeios, bastando encontrarmos a definição “verdadeira”, que não possa ser contestada de maneira nenhuma por quaisquer religiões, filosofias, ciências e similares.
Que tal a definição seguinte?: “A Verdade é o próprio estado natural das coisas”. Temos por aqui um conceito claro, definido, preciso, incisivo, abrangente e de uma simplicidade ímpar, até irritante pela sua lógica incontestável. A força dessa definição deixa encurralados quaisquer eclesiásticos, filósofos, cientistas, intelectuais e demais indivíduos pertencentes à nata cultural, cívica e social, porque ela diz tudo, falando pouco, sem deixar brechas plausíveis a controvérsias que a possam macular ou depreciar!
Ora, tudo que não esteja de acordo com as coisas “naturais”, como elas foram no passado, estão sendo no presente e que deverão ser no futuro, não podem estar refletindo uma verdade, porque a Natureza é imutável em sua constituição e leis, embora esteja sempre em mutação evolutiva natural, e continua sempre sob o comando do Criador do Universo – cabe a nós, portanto, procurarmos conhecer as Suas Leis Absolutas e para onde elas estão sendo apontadas, no que tange ao nosso destino, se quisermos entrar em sintonia com a evolução da nossa individualidade e com a ascensão da nossa espiritualidade.
Tudo o que venhamos a criar ou a praticar, que não esteja de acordo com a “naturalidade” universal, é uma pseudoverdade, logo, é mentira velada, que só trará dissabores, com certeza, haja vista o que está acontecendo com o nosso tão debilitado planeta. Temos aqui muitas razões para uma grande reflexão.
Nota: A definição que demos da “A Verdade” deve-se ao Grande Mestre japonês Mokiti Okada, em meados do século passado, e que até hoje ainda não foi nem contestada, nem igualada e, muito menos, superada.